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André Rocha

A pobreza do "Mourinhobol" e a mentalidade vencedora do Real de Zidane

André Rocha

08/08/2017 18h41

Zinedine Zidane deixou no banco Cristiano Ronaldo, voltando de férias depois da participação na Copa das Confederações. Colocou Bale em seu lugar e manteve a equipe campeã espanhola e da Liga dos Campeões para a disputa da Supercopa da Europa na Macedônia. Com Isco novamente fazendo a ligação do meio com o ataque.

Com Casemiro, Modric e Kroos ajudaram o Real Madrid a jogar fácil. Nada revolucionário nos conceitos. Zidane quer aproximação, troca de passes, movimentação e simplicidade. E explora a grande virtude da equipe merengue: a qualidade na execução das jogadas. Precisão. Mesmo com erros incomuns, mas compreensíveis para um início de temporada. Como Kroos errar feio numa saída de bola.

Contra o Manchester United de José Mourinho assumiu naturalmente o protagonismo, ocupou o campo de ataque e com os avanços de Carvajal, que busca mais o fundo em velocidade que Marcelo do lado oposto, fez Lingard recuar como lateral formando com Valencia, Lindelof, Smalling e Darmian uma linha de cinco na defesa.

Acabou superado pela infiltração de Casemiro, impedido por centímetros ao receber passe de Carvajal para abrir o placar. Ampliou na bela combinação de Bale e Isco, que tocou na saída do goleiro De Gea. Toques rápidos e objetivos.

O United permitia que o Real tivesse a bola, mas as transições em velocidade criaram problema para o sistema defensivo espaçado do time espanhol por conta da proposta ofensiva e do condicionamento físico ainda em evolução no fim da pré-temporada.

Rashford, que entrou na vaga de Lingard, e Lukaku, grande contratação da temporada, perderam chances cristalinas. O atacante belga ao menos aproveitou o rebote de Keylor Navas para diminuir e ao menos criar a expectativa de reação.

Mas um time com tamanho poder de investimento não pode recorrer a Fellaini e um jogo físico e limitado às bolas aéreas em um jogo grande. Um "Mourinhobol" que pode até funcionar, mas é um enorme desperdício.

O Real, mesmo cansado, teve chances de matar o jogo nos contragolpes com Lucas Vázquez, Cristiano Ronaldo e Asensio. Mas nem foi preciso, porque controlou a partida aproveitando a pobreza do repertório dos Red Devils.

Também usando algo subjetivo, mas que no caso da equipe de Zidane fica bem nítido, quase palpável: a mentalidade vencedora. A certeza de que é melhor e pode ganhar. Por isso soma mais um título, sua quarta Supercopa europeia. O primeiro ato de um time pronto para seguir fazendo história.

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.