Topo

André Rocha

City vence, mas ideias confusas de Guardiola sacrificam Gabriel Jesus

André Rocha

12/08/2017 15h26

Gabriel Jesus apareceu mais no primeiro tempo da estreia do Manchester City no Campeonato Inglês, fora de casa contra o Brighton, de volta à primeira divisão inglesa depois de 34 anos. Deu lençol, tocou a mão na bola em gol bem anulado que lhe rendeu um amarelo injusto. Depois não testou firme e permitiu bela defesa do goleiro Ryan completando cruzamento de Kun Aguero.

Na segunda etapa, só foi notado ao disputar com o zagueiro Dunk, que acabou marcando gol contra em um golpe de cabeça mais que estranho. O segundo gol, já que o primeiro foi de Aguero no primeiro contragolpe cedido pelo time da casa enquanto a partida estava empatada.

Assim como o Barcelona de Guayaquil na quarta feira contra o Palmeiras no Allianz Parque, o Brighton pagou por se empolgar com a atuação medíocre do adversário favorito, avançar suas linhas e ceder espaços entre as linhas.

Porque diante do 4-4-2 compacto armado pelo treinador Chris Hughton, que recuava os "wingers" como laterais e formava uma última linha defensiva com seis homens foi difícil entender a proposta de Pep Guardiola. Mandou a campo um 3-3-2-2, com Danilo improvisado na ala esquerda e Gabriel Jesus fazendo dupla de ataque com Aguero.

O resultado prática na maior parte do tempo foi uma posse de bola acima de 70%, porém estéril. Walker e Danilo bem abertos, David Silva e Kevin De Bruyne sacrificados na articulação, precisando de muita movimentação para dar opções de passe aos zagueiros Kompany, Stones e Otamendi e a Fernandinho, o único volante. Os que mais tocavam na bola.

O goleiro brasileiro Ederson assistiu ao jogo no primeiro tempo e teve um pouco mais trabalho depois do intervalo. Acabou falhando na saída da meta e foi apenas correto no trabalho com os pés. Vale observar a evolução na sequência da temporada.

Aguero e Jesus tentavam alternar na mobilidade e no trabalho de referência na frente, mas participavam pouco na zona de decisão porque os citizens tocavam, tocavam…até Danilo, isolado pela esquerda, cortar para o pé direito e jogar na área ou Walker buscar a linha de fundo. Ou as bolas frontais levantadas por De Bruyne, a maioria inócuas.

Contraproducente. Ainda que todos os princípios de jogo do treinador catalão estivessem lá. Difícil entender, ainda mais com Bernardo e Sané no banco de reservas. Aguero acabou se saindo melhor. Já Gabriel Jesus, mesmo finalizando quatro vezes, taticamente foi sacrificado, subaproveitado. Atuação apenas razoável. Não por sua culpa.

Guardiola segue indecifrável. Ao menos o seu City, na loucura que está sendo a primeira rodada da Premier League, conseguiu a vitória. Mas é preciso clarear as ideias na intenção de adaptar seu estilo ao futebol jogado na Inglaterra. O primeiro ato, apesar dos 2 a 0, pareceu bem confuso.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.