Dois falsos 9, laterais pontas, show de Isco. O "caos ordenado" da Espanha
A Itália de Gianpiero Ventura resolveu encarar de peito aberto a Espanha no Santiago Bernabéu. De Rossi plantado à frente da retaguarda, Verratti na armação; Candreva e Insigne pelas pontas, Belotti e Immobile na frente. Bem diferente do sistema com três zagueiros, linhas próximas, rapidez e objetividade nas transições ofensivas dos tempos de Antonio Conte que acabaram na grande vitória por 2 a 0 sobre os espanhois nas oitavas de final da Eurocopa 2016.
A Espanha de Julen Lopetegui respondeu com a radicalização da fórmula da vitória na final continental de 2012. Se há cinco anos Cesc Fábregas era o falso nove nos 4 a 0 em Kiev que deram o bicampeonato para a "Roja", desta vez havia dois: Iniesta e David Silva, os mais veteranos do setor ofensivo, ficavam mais adiantados quando a equipe perdia a bola e se transformavam nos articuladores quando a recuperava.
A dupla era ultrapassada por Asensio e Isco, os pontas que se alternavam pelos lados e voltavam para formar a segunda linha de quatro com Busquets e Koke. Na retomada, buscavam as diagonais ou os espaços entre as linhas. Carvajal e Jordi Alba também passavam voando pelos flancos. Abrindo o campo e confundindo ainda mais a espaçada marcação da Azzurra.
O resultado foi um espetáculo de posse de bola com verticalidade, mobilidade, tabelas e triangulações efetivas. Qualidade ocupando o campo de ataque ou jogando nos contragolpes. Mesmo que o conceito de "falso nove" moderno seja do Barcelona de Pep Guardiola com Messi, ficou clara a mudança de bastão para o Real Madrid de Zinedine Zidane no modelo de jogo da seleção.
Especialmente por causa de Isco, o melhor jogador em atividade no planeta entre os "terráqueos" – ou seja, tirando Messi e Cristiano Ronaldo do debate. Impressionante a evolução técnica e tática do meia. A naturalidade com que circula às costas dos volantes adversários, sai da ponta para dentro servindo os companheiros ou finalizando. Com bola parada ou rolando. Golaços em cobrança de falta e jogada individual.
O destaque absoluto dos 3 a 0 – com Morata, que entrou na vaga de Iniesta e o time voltou a ter uma referência na frente – que encaminham a vaga direta para o Mundial na Rússia e podem sinalizar o futuro da Espanha que domina o cenário entre os clubes e tem potencial para voltar a ser protagonista entre as seleções. O "caos ordenado" atacando por todos os lados e tirando a referência da retaguarda do oponente. A Itália não faz a mínima ideia do que a atropelou.
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