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André Rocha

Fluminense sai da "zona morta', vê Z-4 mais perto e terá que fazer escolhas

André Rocha

01/10/2017 20h27

Foto: Fluminense (Divulgação)

Desde o início do 2017, o Fluminense de Abel Braga vem recebendo um tratamento mais paciente e tolerante de torcida e imprensa. Muito por conta do carisma e da moral do treinador, ainda mais com a comoção pelo drama pessoal da morte trágica do filho João Pedro.

Também pela simpatia que desperta a vocação ofensiva do time de garotos, montado por conta dos problemas financeiros do clube. Chegou a ser o ataque mais positivo do país e, no Brasileiro, marcou 34 gols. Só é superado por Grêmio (41), Corinthians e Palmeiras (36).

Venceu a Taça Guanabara, perdeu o Carioca para o milionário Flamengo com arbitragem polêmica na final. Chegou a disputar a liderança do Brasileiro bem no início, depois caiu naturalmente. Segue, porém, com Henrique Dourado na artilharia, com 14 gols. Foi eliminado na Copa do Brasil pelo Grêmio no melhor momento deste na temporada. Continua vivo na Sul-Americana.

No meio do caminho perdeu Sornoza, destaque do time no estadual articulando as jogadas, e a estrela Gustavo Scarpa. Só agora tem os dois disponíveis simultaneamente. Elenco curto, com os problemas naturais do desgaste pela sequência de partidas. Mas a equipe flutuava numa zona intermediária. Vencia e se aproximava do G-6, depois era derrotado e caía para a segunda página da tabela. Mas nunca correndo maiores riscos de Z-4.

Até somar apenas cinco pontos em sete rodadas do returno. Três derrotas seguidas -Atlético-PR, Palmeiras e Grêmio – e última vitória sobre o Atlético Mineiro por 2 a 1, na 21ª. Só Coritiba e Sport, em queda livre, pontuaram menos.

Com 32 pontos, está em 15º, apenas um à frente do Avaí, 17º. Se a Ponte Preta, 18ª,  vencer o Flamengo no fechamento da rodada amanhã, segunda feira,no Moisés Lucarelli, a vantagem sobre o time de Campinas será apenas no saldo de gols. Nunca esteve tão próximo.

A jovem dupla de zaga com Reginaldo e Frazan que sofre sem proteção com a queda de rendimento de Orejuela fez Diego Cavalieri ressurgir na Arena do Grêmio com uma atuação que lembrou a melhor fase da carreira: Brasileiro de 2012, quando foi o único caso de goleiro do time campeão que também foi o mais acionado da competição.

Pelo menos que cinco grandes intervenções. Mas não conseguiu evitar o gol do jovem atacante Beto da Silva. O 36º sofrido, deixando o saldo negativo em dois gols. A oitava derrota do tricolor carioca no Brasileiro. Metade no returno.

Para piorar, Abel não tem sido feliz em suas decisões. No revés para o Palmeiras no Maracanã, o próprio comandante admitiu que devia ter poupado atletas depois da sofrida classificação para as quartas-de-final contra a LDU em Quito.

Em Porto Alegre, arriscou uma formação com Sornoza no meio, Wendell pela esquerda na linha de meias do 4-1-4-1. Sem uma referência de velocidade para os contragolpes que seriam necessários diante da equipe de Renato Gaúcho que, independentemente da formação, sempre adianta as linhas e propõe o jogo. Marcos Júnior só entrou na segunda etapa. Robinho ficou no banco. Difícil entender.

Assim como será complicado definir prioridade com um Fla-Flu definindo vaga na semifinal da Sul-Americana. Além da rivalidade, o objetivo do clube de enfim vencer um torneio continental vai pesar. E não há opções para dividir esforços. Será obrigatório escolher.

Se considerar o  mata-mata mais relevante pela chance de terminar o ano com vaga na Libertadores, pode sair da "zona morta" no Brasileiro e entrar no inferno do risco de rebaixamento. Para sair com um elenco jovem e com a confiança em baixa será ainda mais complicado.

O que fazer? Um dilema para Abel e seus pupilos na reta final de uma temporada que parecia tranquila e de transição.

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.