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André Rocha

Zé Ricardo sendo Mannarino no Vasco que já pensa em "G-7"

André Rocha

14/10/2017 22h04

José Ricardo Mannarino sempre que pode assume o italiano do sobrenome no futebol. Na visão mais clichê da escola tetracampeã mundial: privilegia a defesa.

Não que despreze o futebol bem jogado. No Flamengo campeão da Copinha em 2016 posicionava o técnico volante Ronaldo solitário à frente da defesa, quatro meias com características ofensivas se aproximando de Filipe Vizeu. Mas todos com função sem a bola. No fundo, o que o treinador preza é a organização.

A marca do Vasco que venceu o Botafogo no Maracanã e alcança o segundo triunfo consecutivo. Em seis jogos, 61% de aproveitamento e derrota apenas para o Corinthians com o gol polêmico de Jô. Um dos quatro sofridos. Dois empates, vitórias com vantagem mínima que fazem a equipe dormir na oitava posição. Com o G-6 podendo ganhar mais uma vaga pelo Brasileiro por conta da boa campanha do Cruzeiro campeão da Copa do Brasil, é possível sonhar.

Foi o clássico em que pela primeira vez o time comandado por Zé Ricardo teve menos posse de bola que o Botafogo de Jair Ventura – terminou com 39%. Sem a obrigação de protagonismo que carregava no Flamengo. Cedeu espaços, compactou setores na execução do 4-2-3-1 que dá liberdade a Nenê mais próximo de Thalles, substituto do argentino Andrés Rios, suspenso pela expulsão contra o Avaí.

Mais uma vez, destaque para o surpreendente Wellington. Volante tratado inicialmente como o "Márcio Araújo do Vasco", apresenta dinâmica bem diferente. Participa da construção das jogadas com passes simples, porém certos, e ainda aparece na frente para finalizar. Como no chute na trave direita de Gatito Fernández no primeiro tempo.

Zé Ricardo perdeu Wagner, que com Nenê e Mateus Vital garantem mobilidade no trio de meias. Mas como todos tendem a procurar o setor esquerdo, o corredor do lado oposto fica aberto para o apoio de Madson. O lateral ganhou companhia com a entrada de Yago Pikachu. Na esquerda, Ramon guarda mais sua posição e só desce com segurança.

Concentração e coordenação dos setores para controlar espaços e equilibrar as ações contra qualquer equipe. Jogo definido no detalhe, em lances discutíveis na sequência e que geraram polêmica depois de Nenê colocar nas redes e explodir a massa vascaína. Este que escreve não viu pênalti no toque de Madson que pegou na coxa antes de acertar o braço na disputa com Pimpão. No gol, a impressão depois de rever é de que o toque do meia foi no peito. Dificil para a arbitragem.

De novo faltou contundência ao Botafogo. Das 16 finalizações, apenas duas no alvo. Também criatividade, mesmo com João Paulo e Marcus Vinicius se juntando a Bruno Silva na articulação. O Vasco contribuiu com desempenho coletivo sem a bola e boas atuações de Breno, Anderson Martins e Jean. Defesa forte, como quer seu treinador.

Porque no Vasco, Zé Ricardo pode ser Zé Ricardo. Na essência. Mais Mannarino do que nunca.

(Estatísticas: Footstats)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.