Palmeiras vai se desintoxicando do "Cucabol". Se o Corinthians vacilar...
As vitórias sobre o lanterna Atlético-GO fora e Ponte Preta em casa ainda não são parâmetros para uma avaliação mais profunda do trabalho de Alberto Valentim no Palmeiras.
Mas alguns sinais já são bastante positivos. A começar pela valorização do controle da bola e precisão nos passes. A posse nos dois jogos teve média de 57% do tempo. A quantidade de passes também aumentou: 551 em Goiânia, 434 no Pacaembu. Média de 93% na efetividade. Bem acima da média de 364 e 88% de acertos.
O maior tempo com a bola não teve como consequência um menor número de finalizações para a equipe que tinha um estilo essencialmente vertical: foram 15 contra o Atlético e 14 diante da Ponte. Pouco acima da média de 12 por jogo.
No entanto, não é fácil se desintoxicar do "Cucabol", que nunca se resumiu apenas aos cruzamentos e às cobranças de lateral na área adversária, que continuam sendo utilizadas.
O interino Alberto Valentim quer um sistema defensivo mais posicionado, com linhas compactas e sem as perseguições individuais tão longas que são a marca do treinador campeão brasileiro de 2016. Natural que os jogadores instintivamente ainda deixem seu setor para "caçar" um adversário. Egídio sofreu bastante e a Ponte Preta encontrou no lado esquerdo alviverde o melhor "atalho" para criar oportunidades.
O time também segue recorrendo às ligações diretas e eventualmente apressa a conclusão das ações de ataque sem rodar a bola e criar o espaço para a chance cristalina. Afinal, para a maioria dos atletas foram 14 meses de um estilo rústico e apenas quatro com Eduardo Baptista tentando alterar uma maneira de jogar. Sem respaldo e com muita pressão.
Valentim terá mais tranquilidade e confiança para convencer os atletas a praticar um futebol mais atual. Não há mais a sombra do sucesso do "Porco Doido". As soluções até aqui são simples, porém inteligentes: qualidade e mobilidade na execução da proposta de jogo baseada num sistema 4-2-3-1.
No meio-campo com Bruno Henrique e Tche Tche alternando proteção à retaguarda e apoio e Moisés mais adiantado, acionando os ponteiros Keno e Dudu, que sempre buscam as diagonais se aproximando do centroavante – Willian e depois Borja, que voltou a marcar e com um trabalho ofensivo mais ajustado pode enfim render o que se espera do colombiano.
Keno é o grande destaque até aqui. Um gol e quatro assistências. Participação nos cinco gols marcados. O ponta que volta na recomposição auxiliando o lateral Mayke e se apresenta à frente, ora aberto, ora entrando no "facão". O crescimento coletivo potencializado as individualidades.
A outra boa notícia é o aproveitamento de quem sabe jogar. Felipe Melo voltou a ser utilizado. Arouca também surge como opção depois de nove meses fora por lesão. Agora não é mais preciso ter fôlego para marcar correndo o jogo todo.
Sem complicar. Porque não é preciso criar algo tão elaborado para se destacar no deserto de ideias do futebol jogado no Brasil. Com a qualidade que tem nas mãos, Valentim pode construir uma equipe com condições de apresenta o melhor futebol do campeonato nesta reta final.
E se o Corinthians vacilar…São nove pontos de diferença entre os rivais na tabela. Com um confronto direto, em Itaquera. Se o líder continuar sem evolução no desempenho e, consequentemente, aproveitamento nos resultados é possível sonhar.
Caso não dê tempo para buscar o título, garantir a vaga direta na fase de grupos da Libertadores e, principalmente, entregar uma equipe mais preparada e moderna para o próximo treinador, caso não seja efetivado, são duas metas interessantes para Valentim. O trabalho até aqui é curto, porém promissor. Ainda mais para quem recebeu um "legado" tão complicado.
(Estatísticas: Footstats)
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