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André Rocha

Corinthians veloz pelas pontas, Palmeiras com a bola. A prévia do dérbi

André Rocha

04/11/2017 10h03

Fabio Carille deve promover três mudanças para o dérbi na Arena em Itaquera. Duas por opção e uma forçada. Camacho entra na vaga do dispersivo Maycon no meio e Clayson na ponta esquerda no lugar de Jadson, com Romero trocando de lado na execução do 4-2-3-1 habitual. Fagner, lesionado, deve dar lugar a Léo Príncipe na lateral direita.

A troca do camisa dez, ponta articulador, por um jogador de velocidade sinaliza qual será a postura do líder do Brasileiro no clássico diante do maior rival: duas linhas de quatro bem compactas, com os ponteiros jogando de uma linha de fundo à outra. Rodriguinho e Jô para reter a bola na frente e muita velocidade pelos flancos. O lado não atacado terá o ponta mais adiantado como a válvula de escape para o passe longo. A referência para receber em profundidade.

O Corinthians não deve se preocupar com a posse de bola. Vai jogar em transição. Até porque o Palmeiras comandado por Alberto Valentim prioriza a troca de passes no campo de ataque.

Com elenco completo, a tendência é que o treinador interino mantenha a formação do empate contra o Cruzeiro, mas com o retorno de Bruno Henrique, que cumpriu suspensão – sai Jean. O volante, ex-Corinthians, deve alternar na proteção e no apoio com Tche Tche. Moisés fica mais adiantado na linha de meias do 4-2-3-1 alviverde.

No ataque, movimentação dos pontas Keno e Dudu para criar espaços. Buscando as infiltrações em diagonal, trocando de lado e se juntando a Borja na área adversária para finalizar quando a jogada é criada no lado oposto.  Keno deve auxiliar mais na recomposição que Dudu, bloqueando o apoio de Guilherme Arana. Com a bola, volume de jogo e linhas adiantadas para manter o adversário no próprio campo.

Eis o perigo. Valentim precisa acertar a coordenação dos movimentos. Pressão no oponente com a bola para dificultar o passe, já que laterais e zagueiros estão avançados e expostos para levar nas costas. Sejam abertas, como a que Diogo Barbosa recebeu atrás de Mayke para cruzar e sair o gol contra de Juninho; seja em diagonal, parecida com a que Robinho recebeu para ganhar na velocidade de Dracena e encobrir Fernando Prass diante do Cruzeiro.

É a chance corintiana, especialmente de Clayson. Por isso Carille deve escalá-lo de início, mesmo sem uma reposição com as mesmas características. Um risco caso o Corinthians precise de contragolpes no segundo tempo para sair do sufoco. A saída é recorrer à habilidade de Pedrinho, mesmo sem ser tão incisivo e vertical.

Na bola parada, atenção absoluta. Especialmente do Corinthians que vem sofrendo com as jogadas aéreas – 12 dos 21 gols sofridos no péssimo returno de 33% de aproveitamento. Um ponto forte palmeirense desde os tempos de Cuca que Valentim mantém, inclusive com arremessos laterais diretamente na área adversária. Na falta de espaços e capacidade criativa, pode decidir a partida.

Obviamente, um gol no início do Palmeiras pode mudar toda a configuração e o rival seja obrigado a sair e se expor. Mas o clássico que pode reduzir a vantagem do líder em relação ao segundo colocado para dois pontos tem tudo para ser tenso, sem espaços, com equipes 100% concentradas, especialmente no trabalho defensivo. Esperando o erro do outro lado. Uma tônica no Brasileiro 2017.

Um palpite? Sem subir no muro, mas o cheiro de empate é forte. Ninguém correndo riscos para tentar definir o título nas seis rodadas restantes. O Corinthians apostando em sua vantagem para administrar até o fim, o Palmeiras na evolução nítida com Valentim e na queda de desempenho do rival, que não teria a moral de uma vitória num clássico para recuperar confiança.

Não devemos ter um jogaço em Itaquera. Mas a disputa em tática e estratégia pode ser bem interessante.

A prévia do dérbi: equipes no 4-2-3-1, mas com propostas diferentes: Corinthians compacto no próprio campo, fechando os lados com os ponteiros, mas saindo em velocidade para surpreender as linhas adiantadas do Palmeiras, que deve ficar com a bola, trabalhar no campo de ataque para criar espaços, especialmente com a movimentação dos ponteiros Keno e Dudu (Tactical Pad).

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.