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André Rocha

Corinthians encaminha título com primeiro tempo de decisão, não G-4

André Rocha

05/11/2017 19h03

Concentração, eletricidade, sintonia com a massa no estádio lotado e precisão. O primeiro tempo do Corinthians em Itaquera foi de um time que tinha noção de que decidia sua vida no Brasileiro. Uma vitória para abrir oito pontos sobre o maior rival ou a derrota que manteria a equipe na liderança, mas desabaria emocionalmente e seria praticamente impossível manter os dois pontos de vantagem em seis partidas.

O resgate do desempenho do primeiro turno passa pelos méritos do time de Fabio Carille. Especialmente a movimentação de Rodriguinho às costas de Bruno Henrique e Tche Tche, o trabalho de pivô de Jô ganhando quase todas no alto de Mina e Edu Dracena e atenção absoluta sem a bola, com duas linhas de quatro bem próximas e muita dedicação de Romero e Clayson sem a bola.

Mas as falhas do Palmeiras também não podem ser descartadas nesta equação. Baixa intensidade e pouca pressão sem a bola, brechas entre os setores, Dudu abandonando Egídio contra Fágner e Romero e, principalmente, a última linha de defesa muito adiantada, com Mayke, Egídio e Edu Dracena como elos fracos. O jogo ficou à feição do Corinthians.

Rodriguinho recebeu livre e serviu Romero, impedido por centímetros, para abrir o placar. Depois o contragolpe em que o meia serviu Jô com lindo passe que gerou o escanteio do gol de Balbuena. Quando o Palmeiras buscava uma reação após o gol de Mina em falha de Rodriguinho no bloqueio e mérito do zagueiro colombiano na jogada aérea, novo contragolpe e pênalti de Dracena em Jô, que cobrou tirando do alcance de Fernando Prass.

Foram 12 desarmes certos corintianos contra sete. Oito faltas cometidas contra apenas duas. Mostras da diferença na fibra, na entrega. Talvez os jogadores alviverdes tenham acreditado no discurso de buscar apenas o G-4 e não deram ao dérbi o peso real. Tiveram 55% de posse, mas apenas seis finalizações. Uma no alvo. O Corinthians foi muito mais efetivo: oito conclusões, seis delas na direção da meta de Prass. Metade nas redes.

Segunda etapa de Roger Guedes e Guerra nas vagas de Keno e Bruno Henrique, Palmeiras no campo do rival, que controlava os espaços com cuidado, mas perdeu vigor e rapidez nos contragolpes.

Em novo escanteio, golaço de Moisés numa virada espetacular. Carille evitou a expulsão de Gabriel, com amarelo e visado pela polêmica de supostamente ter voltado a campo sem autorização, com a entrada de Maycon. Depois trocou Camacho por Fellipe Bastos e Jadson na vaga de Clayson.

Valentim trocou Tche Tche por Deyverson para buscar um abafa final, mas sem a chance cristalina. Subiu a posse para 57%, mas apenas seis finalizações, uma a mais o Corinthians. Para complicar, Deyverson foi expulso no minuto final por cotovelada em Bastos. No lance derradeiro, Cássio garantiu interceptando um cruzamento.

Para confirmar os três pontos mais importantes do campeonato, que encaminham o hepta pela vantagem e por resgatar a confiança perdida. A diferença no jogaço foi a postura de final do Corinthians no primeiro tempo. Deve valer taça no final.

(Estatísticas: Footstats)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.