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André Rocha

Alex Muralha não tem culpa. Nem agora, nem se jogar em Barranquilla

André Rocha

26/11/2017 22h08

Sim, soa cruel e até oportunista a afirmação, mas não é possível mais fugir da constatação de um fato: Alex Muralha hoje é o pior goleiro das duas principais divisões do futebol brasileiro. Uniu suas muitas limitações com uma falta de confiança assombrosa. Ou uma maneira suicida de mostrar que tem valor. Como na tentativa de drible em Ricardo Oliveira que terminou no gol de Bruno Henrique, na derrota do Flamengo de virada para o Santos por 2 a 1 na Ilha do Governador.

O segundo, de Arthur Gomes num chute defensável que mais uma vez Muralha deixou passar. Como permitiu que o cruzamento de Jony González encontrasse Teo Gutierrez no gol do Junior de Barranquilla. Como não defendeu nenhuma cobrança de pênalti dos cruzeirenses na final da Copa do Brasil em uma estratégia até hoje não bem explicada – se partiu apenas do goleiro ou foi combinada com a comissão técnica – até porque, como diz o dito popular, "filho feio não tem pai". Como nas falhas contra o próprio Santos pela Copa do Brasil nos 4 a 2 na Vila Belmiro. Como tantas outros erros em um 2017 catastrófico.

Por que o goleiro ainda está em campo prejudicando o Flamengo? As lesões de Tiago e Diego Alves explicam em parte. Mas já era para o clube ter providenciado um Plano B para não precisar recorrer ao atleta tão contestado. Por muito menos outros jogadores já deixaram o Flamengo, até para preservar sua integridade física.

Não, não é exagero temer que, em tempos tão malucos, alguém tente e consiga agredir ou até fazer coisa pior com Muralha e/ou algum familiar. Mas será que a culpa é dele?

Em relação ao desempenho, é óbvio que a maior responsabilidade é do profissional. Principalmente em erros tolos e básicos. Mas a maior cobrança deve recair sobre quem deduziu que ele era um goleiro para ser titular absoluto do Flamengo, com um jovem na reserva. Sem sombra. Mais ainda sobre quem ainda o mantém no elenco e, pior, escala em partidas importantes. Devem ser cobrados, mas sem violência. É bom reforçar.

Era jogo para dar ritmo e confiança a César, formado nas divisões de base, que ainda pode ser inscrito no torneio continental e, por isso, precisaria de ritmo de competição. Jovem, não é garantia de segurança em Barranquilla em um jogo decisivo. Tiago falhou na primeira final da Copa do Brasil, convém lembrar.

Mas a menos que o futebol proporcione uma das mais improváveis redenções da história do esporte, é melhor arriscar uma incógnita do que bancar uma quase certeza de insucesso. Não é absurdo imaginar uma derrota por 2 a 1 e nova decisão por pênaltis.

Se o Flamengo for eliminado novamente com Muralha em campo a culpa não será dele. O aviso foi dado hoje. Os responsáveis que tomem a decisão mais lógica até quinta-feira.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.