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André Rocha

Os três avisos do Bayern em Munique ao PSG no primeiro grande teste

André Rocha

05/12/2017 20h09

Você leu neste blog que o primeiro teste em alto nível do Paris Saint-Germain com Neymar e Mbappé neste início de temporada seria o Bayern de Munique, agora sob o comando de Jupp Heyckens, voltando de sua aposentadoria para recuperar o time alemão na temporada.

Se os 3 a 1 na Allianz Arena que encerraram a invencibilidade e a campanha 100% do PSG não foram suficientes para inverter a classificação do grupo B da Liga dos Campeões, ao menos serviram para resgatar de vez a confiança do gigante alemão para a sequência da Bundesliga. Principalmente, para o retorno da competição continental em fevereiro de 2018. Mesmo sem Robben e com time muito alterado – Vidal, Javi Martínez e Thomas Muller iniciaram no banco de reservas. Não será rival fácil para qualquer líder de grupo nas oitavas-de-final.

Também deixou três avisos para a equipe de Unai Emery se preparar para os duelos mais complicados na segunda metade da jornada 2017/2018:

1 – Intensidade nos 90 minutos

O abismo entre o PSG e os concorrentes na França faz com que o time diminua muito a intensidade em alguns períodos das partidas do campeonato nacional. Especialmente no trabalho sem a bola. Aconteceu no primeiro tempo, com todos os titulares disponíveis, apesar dos 54% de posse de bola e das seis finalizações dos visitantes, com duas boas oportunidades -a mais clara com Neymar em lindo passe de Mbappé e a primeira grande defesa de Ulrich, o goleiro substituto do lesionado Neuer.

Desta vez, porém, era o Bayern do outro lado. Concluiu seis vezes, duas nas redes de Areola. O atalho era pela esquerda, com Ribéry, Alaba e James Rodríguez, que envolveram Daniel Alves, sem o devido auxílio de Mbappé, com relativa facilidade nos gols de Lewandowski e Tolisso. Lateral brasileiro que perdeu a disputa com Coman, que inverteu o lado com a troca de Ribéry por Thomas Muller, no terceiro marcado na segunda etapa, também de Tolisso.

O PSG precisa competir mais, com concentração na maior parte do tempo para não dar armas ao rival. Compactar os setores e contar com mais colaboração dos atacantes além da pressão no campo adversário.

2 – Aproveitar as oportunidades

Por mais méritos que Ulrich tenha nas intervenções que impediram mais gols além do marcado por Mbappé em lindo passe de Cavani, um time que quer vencer Liga dos Campeões, mesmo em uma partida com larga vantagem para garantir a liderança do grupo, não pode aproveitar apenas uma de 13 finalizações e oito no alvo.

Ainda mais com a força do tridente ofensivo. Encontrou o atalho pela direita, com Mbappé levando vantagem seguidamente sobre Alaba e Hummels e tinha obrigação de ser mais contundente. Ainda mais em um jogo fora de casa contra uma equipe da primeira prateleira do futebol europeu. Em um confronto de mata-mata pode ser letal.

3 – O jogo é coletivo

O camisa dez e estrela maior da equipe francesa circulou menos e, consequentemente, não prendeu tanto a bola desta vez. Foi atacante, esperando a bola chegar à zona de decisão para entrar em ação. Primeiro sofreu falta de Kimmich que rendeu um cartão amarelo ao lateral e depois infiltrou em diagonal e obrigou Ulriche a uma fantástica defesa.

Neymar voltou aceso, como todo o time, na volta do intervalo. Mas depois do terceiro gol bávaro nitidamente relaxou, até se escondeu um pouco do jogo. Uma prova de que o talento individual por si só, sem ser potencializado pelo trabalho coletivo, tende a ser menos decisivo. O Bayern, sem grandes estrelas, foi mais eficiente em sua proposta de jogo.

Unai Emery e seus comandados terão dois meses para refletir, fazer os devidos ajustes e tentar fazer o PSG, enfim, ser protagonista na Liga dos Campeões.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.