Flamengo leva virada pelas laterais. Mas jogo será outro no Maracanã
O que mais chamou atenção no Independiente do treinador Ariel Holan na virada por 2 a 1 sobre o Flamengo em Avellaneda pela partida de ida da final da Copa Sul-Americana foram as trocas de posicionamento de alguns jogadores ao longo da partida.
Os ponteiros Benítez e Barcos inverteram o lado, o meia Meza ficou mais avançado, perto do centroavante Emmnauel Gigliotti. Sánchez Miño, meia pela esquerda no 4-1-4-1/4-3-3, foi parar do lado direito. No segundo tempo, o lateral esquerdo Tagliafico ficou mais preso para o apoio do zagueiro Gastón Silva.
Mas o que efetivamente ajudou a construir a virada após o gol de Réver logo aos oito minutos de jogo em bela cabeçada completando centro de Trauco foi a mobilidade dos jogadores do time argentino em progressão, com a equipe atacando. Principalmente pelos flancos e, em especial, no setor do lateral peruano da equipe brasileira.
Bustos, Barco, Meza, Benítez, Miño…todos caíram no lado em que estava Trauco. Tabelando, triangulando, em ultrapassagens ou vencendo o lateral do confronto direto, o um contra um. Cenário ainda mais dramático pela lentidão de Lucas Paquetá na recomposição.
Reinaldo Rueda optou por não repetir o 4-3-2-1, desenho tático dos 2 a 0 sobre o Junior em Barranquilla na semifinal. Manteve Paquetá na linha de meias pela esquerda no 4-2-3-1 para se defender em duas linhas de quatro, deixando Diego mais avançado e próximo a Filipe Vizeu. Mas deixou espaços demais no setor e abandonou Trauco à própria sorte no primeiro tempo.
No único contragolpe cedido pelo Fla, na firula desnecessária de Everton Ribeiro, o sistema defensivo se viu desorganizado e Trauco mal posicionado. Passe de Meza para Benítez servir Gigliotti livre para empatar num primeiro tempo de 60% de posse do Independiente e oito finalizações contra cinco dos visitantes – duas para cada lado no alvo. Chamou atenção nos primeiros 45 minutos os 19 cruzamentos do time mandante.
Um sinal de que o caminho da virada do "Rei de Copas" seria pelos flancos. E veio logo aos sete minutos. Vacilo de Willian Arão, o pior em campo, no apoio a Pará; jogada individual de Barco e belo gol de Meza, finalizando da meia esquerda. Virada para sacudir estádio.
Mas surpreendentemente o time que apenas treinou durante oito dias, inclusive poupando todos os titulares no campeonato argentino, começou a diminuir o ritmo a partir dos 20 minutos da segunda etapa. Não mais as combinações rápidas pelas pontas, nem o belo trabalho de pivô de Gigliotti, que lutou sozinho na frente. O rendimento caiu ainda mais com as substituições de Holan.
O Flamengo, com Everton no lugar de Paquetá e Vinicius Júnior na vaga de Diego, com Everton Ribeiro centralizando, cresceu e podia ter empatado. O desempenho melhorou a ponto de Rueda não fazer a terceira substituição. Surpreendente para quem enfrentou partidas decisivas seguidas, com viagens a Colômbia e Salvador.
Finalizou mais na segunda etapa – seis a cinco e, novamente, duas no alvo para cada lado. Recuperou posse de bola, subindo para 44% no total. Cresceu porque ocupou mais o campo de ataque e encontrou espaços principalmente entre a defesa e o meio adversário quando os ponteiros buscavam o jogo por dentro. Faltou criar a chance cristalina para empatar o duelo.
O desenho do jogo, porém, sinaliza que o confronto derradeiro no Maracanã será diferente. Não necessariamente melhor para os rubro-negros.
Porque a tendência é que o Independiente seja menos móvel e ofensivo e mais prudente e conservador no posicionamento. Inicialmente deve utilizar a configuração mais eficiente na fase defensiva e veloz na saída para o ataque. Já o Flamengo, com uma semana de preparação e estádio lotado, tem como desafio transformar a pressão da massa em apoio desde o início. Com intensidade e proposta ofensiva, mas sem se desorganizar atrás.
Para isso vai precisar de uma participação mais efetiva de Everton Ribeiro e Diego na articulação. Impressionante como a temporada vai chegando ao fim e a dupla que devia ser responsável pela criação não consegue afinar a sintonia. Com o cansaço pela forte sequência de jogos o problema parece se agravar. Mas final é o momento de superação, ainda mais para quem está devendo.
O time argentino, de forte cultura vencedora em copas, vai tentar repetir 1995 quando comemorou a Supercopa dos Campeões no Maracanã sobre o Flamengo na última tentativa dos rubro-negros de conquistar um título no ano de seu centenário. Só que desta vez não traz para o Rio de Janeiro uma vantagem de dois gols. Se repetir o placar de 22 anos atrás – 1 a 0, gol de Romário, então melhor jogador do mundo – a decisão vai para a prorrogação.
Contra a tradição e o peso da camisa do rival neste tipo de disputa, o Fla terá que mostrar a força mental e a indignação com a derrota, ou da perda do título, dos clássicos cariocas e das últimas partidas. Para voltar a celebrar uma conquista internacional, algo que não acontece desde a Copa Mercosul de 1999. Desta vez em casa, como não aconteceu nem na Libertadores de 1981. Missão difícil, mas possível.
(Estatísticas: Footstats)
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