Livre, leve e solto. Gabigol encontra no Santos o que lhe negaram na Europa
Gabriel Barbosa já foi às redes três vezes no seu retorno ao Santos. Uma por partida. Mais que as duas em um ano e meio da frustrada experiência no futebol europeu – um gol pela Internazionale em dez jogos e outro pelo Benfica nas cinco vezes em que esteve em campo.
O encaixe praticamente imediato no time de Jair Ventura na volta ao Brasil tem pouco ou nada a ver com a tradicional "saudade do feijão". O fato é que ele reencontrou na Vila Belmiro o que lhe foi negado no Velho Continente, mesmo em ligas que não estão entre as mais qualificadas e competitivas: uma equipe que jogue em função dele.
Além de não lidar bem com a reserva, outra crítica, velada ou não, que o "Gabigol" recebia de treinadores e até companheiros era a deficiência na leitura de jogo. Sem contar a pouca dedicação no trabalho sem bola. Algo já notado nos Jogos Olímpicos, quando o atacante fazia o lado direito e falhava na recomposição. Não comprometeu na conquista da sonhada medalha de ouro, mas foi o que menos se destacou no quarteto com Gabriel Jesus, Neymar e Luan.
Diante de adversários com linhas compactas fechando a área, Gabriel não conseguia ler os espaços para atacar nem buscar o jogo associativo fazendo parede para seus companheiros. Seu estilo é de receber e já partir para a conclusão. Sem muito trabalho coletivo. Ou só da equipe para serví-lo.
Para isto precisa de liberdade total. Como é talentoso, mas não um fora de série, na Itália e em Portugal não aceitaram conceder a ele este "mimo". Mas por aqui pode fazer a diferença. Não por acaso, Jair Ventura deixa Gabriel solto na frente. Na vitória sobre o São Paulo por 1 a 0 no Morumbi, com Eduardo Sasha pela direita, Copete à esquerda e Vecchio centralizado na linha de meias do 4-2-3-1. Para marcar o gol único do clássico em chute preciso no canto direito de Sidão.
São dez finalizações até agora. Oito dentro da área e duas fora. Todas com a canhota que ainda pode ficar mais calibrada com a sequência de jogos. Confiança do comandante não falta: "É o jogador que salva a vida do treinador", exaltou Jair depois do "San-São". No futebol brasileiro a tendência é desequilibrar mesmo.
Porque Gabriel está como quer. Livre, leve e solto.
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