Bayern de Heynckes merece respeito, mas será difícil repetir feito de 2013
A expulsão de Domagoj Vida aos 16 minutos obviamente tornou ainda mais desigual o confronto na Allianz Arena e o Besiktas de Vágner Love não tinha como resistir. Com os 5 a 0 construídos com o primeiro gol, de Thomas Muller, no final do primeiro tempo e mais quatro no segundo – outro do camisa 25, dois de Lewandowski e um de Coman – o Bayern de Munique encaminhou a vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões.
Mais que isso, aumenta a série de vitórias para 14 desde a derrota por 2 a 1 para o Borussia Monchengladbach. A única de Jupp Heynckes desde que deixou a aposentadoria aos 72 anos para suceder Carlo Ancelotti até o final da temporada – até aqui sem chances de renovação de contrato.
No total, 22 triunfos, um único revés e só um empate , contra o Leipzig pela Copa da Alemanha, mas com classificação na disputa por pênaltis. 63 gols marcados, quase três por jogo, e 17 sofridos, menos de um por partida. Impressionantes 93% de aproveitamento que aumentam a esperança de repetir a tríplice coroa de 2012/2013. Com um time inesquecível para os bávaros e marcante para o futebol mundial, mesmo que por apenas uma temporada.
Porque foi o "pai" do futebol por demanda. O time alemão era um camaleão, perfeitamente adaptável às necessidades de cada jogo. Sabia jogar na paciência com posse ou na fúria com agressividade e muita velocidade. Atropelou o Barcelona na semifinal da Liga dos Campeões com 7 a 0 no agregado e menos de 40% de posse de bola na média.
A equipe atual também é fléxivel. Pode trocar passes no ritmo de James Rodríguez ou abusar das jogadas pelos flancos, como na segunda etapa para cansar e abrir o Besiktas: Robben e Coman nas pontas fazendo duplas com Kimmich e Alaba procurando Muller e Lewandowski na área.
Na Bundesliga sobra com 19 pontos de vantagem no topo da tabela e liderando em posse, acerto de passes e finalizações. No torneio continental é top 5 em tempo com a bola, aproveitamento nos passes e vitórias no jogo aéreo. Também lidera nas finalizações.
No duelo mais forte até aqui, impôs os mesmos 3 a 1 sobre o PSG que o Real aplicou na semana passada. Ainda que os dois estivessem classificados, o jogo foi tratado como teste importante e o time alemão mostrou força. Tolisso foi destaque e ontem começou no banco entrando na segunda etapa. O elenco é robusto.
No entanto, mesmo com todos os predicados listados acima, a missão agora é mais complicada do que há cinco anos.
Primeiro porque não existe a "fome" daquela época. O Bayern havia perdido na temporada anterior a final da Champions em casa para o Chelsea nos pênaltis e sofreu com o Borussia Dortmund de Jurgen Klopp bicampeão alemão. Havia motivação também nos jogadores que formavam a base da seleção em busca da conquista que consagraria essa geração. No ano anterior, eliminação na semifinal da Eurocopa para a Itália.
Agora há um título mundial no currículo dos que seguem no clube, mais um pentacampeonato nacional caminhando para um inédito hexa. Heynckes também não conta com dois pilares fantásticos: Lahm e Schweinsteiger. Praticamente insubstituíveis. Sem contar a ausência do lesionado Neuer, mesmo com as boas atuações do goleiro Sven Ulreich.
Mas principalmente por não haver no país um rival tão forte como era o Dortmund. Vice alemão com 25 pontos a menos, mas finalista da Liga dos Campeões. Ou seja, alguém para medir forças e subir o nível. Agora não existe este opositor, tanto que não há outro alemão disputando o mata-mata. A falta de concorrência tem atrapalhado quando o principal torneio de clubes do planeta afunila.
Ainda assim é bom respeitar o velho Heynckes e sua química com a equipe de Munique. De novo sem alarde e o poder midiático dos tempos de Pep Guardiola, mas com camisa e qualidade para desafiar qualquer um na Europa. Quem sabe para consagrar de novo a aposentadoria do treinador?
(Estatísticas: WhoScored.com)
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