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André Rocha

Vasco é mais um brasileiro que sofre com o "espírito de Libertadores"

André Rocha

13/03/2018 23h59

Mais uma vez faltou naturalidade ao time brasileiro para jogar. Mesmo descontando o peso da estreia na fase de grupos, toda essa tensão que transforma a partida numa guerra por ser de Libertadores atrapalha demais.

O Vasco pecou pela pressa. Tanto para definir as jogadas quanto para tentar retomar a bola. Faltas seguidas, ligações diretas e a bola "queimando" no pé. Erros seguidos na tomada de decisão e pouca inteligência tanto para bloquear os pontos fortes como para explorar as fragilidades da Universidad de Chile.

Já o time visitante, armado no 3-4-2-1 pelo treinador Ángel Guillermo Hoyos, contava com vários jogadores experientes: o goleiro Johnny Herrera, os zagueiros Vilches e Rafael Vaz, os meio-campistas Pizarro e Seymour, o ala esquerdo Beausejour e Pinilla no ataque. Não era um primor técnico ou tático, mas tinha calma para fazer o jogo que lhe interessava.

Basicamente forçar pelo lado esquerdo com Beausejour e Soteldo no setor de Yago Pikachu, que não contava com auxílio de Wagner e Wellington no trabalho defensivo. Na recomposição, linha de cinco mais posicionada e concentração para negar espaços. Nos primeiros 45 minutos, a melhor oportunidade surgiu num erro de reposição de Johnny Herrera que Riascos recuperou e cruzou com a bola batendo no travessão. Muito pouco.

Porque o time cruzmaltino facilitava errando passes e arriscando pouco. Faltava experiência e rodagem, além das claras limitações técnicas – sem contar o surto de virose que atingiu o elenco. O jovem Evander não conseguiu ser o organizador no meio-campo, tanto no primeiro tempo mais avançado no 4-2-3-1 quanto na segunda etapa depois que Zé Ricardo trocou Desábato por Andrés Rios.

Substituição infeliz porque os donos da casa não tinham o controle do jogo nem ocupavam o campo de ataque com segurança para tirar um jogador de proteção da retaguarda.Só fizera o goleiro Herrera trabalhar no cruzamento de Pikachu que Rildo cabeceou. Mais uma jogada apressada.

A punição veio com o gol de Ángelo Araos, o melhor em campo. Jovem de 21 anos equilibrando a média de idade de "La U" e desequilibrando a chegada ao ataque. Falha geral do sistema defensivo, inclusive Martín Silva, depois de uma cobrança de lateral. Imperdoável.

Depois só desespero, com a torcida cobrando…pressa para atacar. O time cansou de correr errado. Não podia dar certo. É pressão demais, sem calma e foco no desempenho que constroi o triunfo. Mais uma vítima do "espírito de Libertadores". Ou a distorção deste.

Saldo final: 57% de posse e dez finalizações do Vasco, mas apenas três no alvo. Os visitantes concluíram nove, quatro na direção da meta de Martín Silva. A diferença foi Araos.

São Januário viu um paradoxo: tanta preocupação do Vasco com o resultado para o time chileno voltar para casa com os três pontos.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.