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André Rocha

Botafogo na final da Taça Rio. Por João Paulo e na jogada aérea

André Rocha

22/03/2018 00h06

O melhor estava por vir para o Botafogo depois do absurdo da fratura da perna de João Paulo sem a expulsão de Rildo no domingo.

E logo na jogada aérea, o grande problema do Botafogo entre as muitas fragilidades defensivas da equipe comandada por Alberto Valentim. Assim levou oito gols, metade dos que sofreu na temporada. Agora o triunfo. Logo com Igor Rabello, contestado pela torcida, mas o destaque no Estádio Nílton Santos. Gol da vitória por 3 a 2, devolvendo o placar do último jogo, e belo passe longo para Luiz Fernando empatar.

Jogo eletrizante, maluco. Mas não jogaço. Por mais que o torcedor se revolte com o jornalista quando ele parece minimizar a emoção. Só que para quem trabalha vendo partidas de futebol alguns elementos são necessários para um jogo ser valorizado pela qualidade. Começando pelos acertos técnicos e táticos, as decisões e leitura de jogo dos atletas para construir um bom jogo coletivo. Não foi o caso. Muita aleatoriedade.

O Vasco sofrendo pela esquerda com Fabrício no lugar de Henrique na lateral. A saída de Evander ainda no primeiro tempo por lesão também prejudicou o trabalho no meio-campo. Sem contar que Wagner entrou frio e foi driblado por Leo Valencia, que colocou na cabeça de Brenner no gol que abriu o placar. Sem culpa do goleiro Gabriel Félix, substituto de Martín Silva, a serviço da seleção uruguaia. Mais uma vez a bizarrice de jogar futebol durante datas FIFA.

Depois a equipe de Zé Ricardo, com Riascos e Andrés Ríos alternando pela direita e abrindo o corredor para Yago Pikachu apoiar, virou nas jogadas aéreas com bola parada. Erazo e Riascos. Falha da marcação mista do Botafogo que mais uma vez não funcionou.

Assim como a dinâmica com defesa adiantada, mas pouca pressão sobre o adversário com a bola. Muitos espaços entre defesa e mei0-campo. Sem contar a dificuldade para organizar com Rodrigo Lindoso tentando cumprir a função de João Paulo na articulação.

Valentim arriscou tudo com Pachu e Pimpão nas vagas de Valencia e Marcos Vinícius. Tirou os dois meias da linha de três no 4-2-3-1. Brenner recuou para ajudar na articulação e Pachu ficou enfiado. Depois Ezequiel entrou no lugar de Luiz Fernando. Seis por meia dúzia, mas manteve o fôlego para seguir atacando.

Zé Ricardo trocou Ríos, extenuado, por Thiago Galhardo. Paulinho trocou de lado e foi para o setor direito, Wagner ocupou o lado esquerdo e Galhardo centralizou atrás de Riascos. Uma troca conservadora, mas o Vasco não recuou. Se pode haver uma crítica seria por não conseguir controlar o jogo. Seja pelo espaço ou através do domínio da bola. Sem contar os vacilos também nos cruzamentos do oponente. Também levou dois gols desta maneira.

Jogo de posse dividida em praticamente todo o jogo – Bota terminou com 52% pela necessidade da reta final. Dezoito finalizações cruzmaltinas contra onze – cinco a sete no alvo. Botafogo cruzou 32 bolas contra 24. Com a tensão, 21 faltas foram cometidas no segundo tempo, enquanto na primeira etapa foram apenas seis.

Na "briga de rua", o golpe final com Igor Rabello. De cabeça. Para colocar o Botafogo na final da Taça Rio. Para quem não está mais envolvido com outra competição, fundamental. Para quem perdeu seu melhor jogador por uma entrada criminosa, impossível não pensar em justiça.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.