Brasil vai bem como "desafiante". O problema é outro, ou o mesmo de sempre
A última vez que a seleção brasileira entrou em campo como "zebra" diante de um adversário tido como mais poderoso e, portanto, favorito foi na final da Copa das Confederações 2013. A Espanha era campeã mundial e bi da Eurocopa. O time de Luiz Felipe Scolari entrou transpirando fogo no Maracanã e atropelou Xavi, Iniesta e seus companheiros. 3 a 0, gritos de "o campeão voltou" e, pouco depois, o coordenador Parreira assumindo o favoritismo para o Mundial no ano seguinte como anfitrião.
O erro de Felipão nos 7 a 1 foi não ter resgatado este espírito. Sem Thiago Silva e Neymar, diante de um adversário com trabalho mais consolidado. Bastava jogar o favoritismo para o outro lado e entrar como franco-atirador, pelo contexto. Mas era a Alemanha, "freguesa histórica". O treinador acreditou na camisa, no Mineirão lotado, no Bernard ídolo do Atlético Mineiro e "alegria nas pernas". Se achou mais forte e o tombo foi sem precedentes.
Goleada histórica que criou o clima para o Brasil de Tite entrar mais que concentrado em Berlim. Sim, contra um "mistão" de Joachim Low. Mas se a campeã mundial venceu a Copa das Confederações com reservas merecia respeito independentemente da formação. Objetivamente era o primeiro confronto com uma candidata ao título. E justificou tentando impor seu jogo no ritmo de Toni Kroos.
De novo um Brasil sem Neymar. Mas desta vez organizado e precavido, com Coutinho pela esquerda e Fernandinho no meio dando liberdade para Paulinho infiltrar. Uma equipe bem coordenada no 4-1-4-1 e condicionada a pressionar o adversário desde a perda da bola. Pronta para acelerar assim que a retomasse.
No espaço deixado pela proposta alemã de controlar com a bola e ocupar o campo de ataque. Tudo que o Brasil precisa. Nosso jogo forte é o de transições ofensivas rápidas, com condução, passe e definição. Na bola roubada na frente, cruzamento de Willian da direita e gol de Gabriel Jesus, que podia ter se consagrado se não andasse tão afobado nas finalizações. Mas decidiu jogo grande e garantiu titularidade na Copa.
Podia ter sido mais que 1 a 0. No segundo tempo a Alemanha só levantou bolas na área e Alisson, Thiago Silva, Miranda e Casemiro sobraram. No final, a luta para a manutenção do resultado. Não adianta, é nossa cultura e Tite sabia que era importante vencer para aumentar a autoestima. A convocação final e a viagem para a Rússia estão logo ali.
O problema, porém, continua o mesmo. Talvez a seleção leve de três a quatro jogos para encarar um cenário parecido, com o adversário saindo para o jogo. Poucos paises atacam a camisa cinco vezes campeã mundial. Na fase de grupos, a tendência é encarar linhas de cinco e no mínimo oito jogadores guardando a própria área.
E aí tudo muda. Os problemas para infiltrar aparecem. Os espaços somem e com eles a paciência para trabalhar a bola. Falta o ritmista que não foi necessário em Berlim porque a equipe só acelerava. Será preciso abrir o campo, girar a bola, construir o espaço e ser letal na finalização.
Contra Inglaterra em Wembley e na Rússia enquanto os anfitriões não se empolgaram e bloquearam a entrada da área ninguém entrou, Vejamos a combinação dos novos conceitos, tempo para treinamentos, volta de Neymar e moral pelo triunfo sobre o "fantasma".
Só não pode transformar um feito relevante – a Alemanha não era derrotada desde a semifinal da Eurocopa – na ilusão da Copa das Confederações. Já sabemos como termina, mesmo faltando tão pouco tempo desta vez. Tite é vivido, os jogadores com uma casca de quatro anos.
É hora de afinar o discurso. A Alemanha é a campeã, a Espanha a favorita. Melhor seguir como "desafiante".
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