A arte de Arthur no Mineirão e o "desperdício" do Grêmio no Brasileiro
Arthur acertou 96 passes e errou apenas dois na vitória do Grêmio sobre o Cruzeiro por 1 a 0 no Mineirão abrindo a Série A do Brasileiro 2018. Números que dizem menos que a arte do jovem meio-campista de 21 anos, já negociado ao Barcelona, de controlar e ditar o ritmo de jogo.
Com Maicon e Ramiro e mesmo sem Luan, substituído por Cícero, fez o time de Renato Gaúcho atuar como protagonista fora de casa diante de um dos candidatos em potencial ao título nacional. Chegou a ter 70% de posse e fechou a primeira etapa com 61%. Finalizou pouco, apenas cinco vezes, duas no alvo, contra 13 do adversário – só três na direção da meta de Marcelo Grohe.
Na bela ação de Ramiro, o desvio de Cícero e o gol do estreante André. Ratificando no placar uma superioridade clara do campeão da Libertadores e gaúcho sobre o da Copa do Brasil e mineiro que, mais uma vez, ficou devendo futebol em um grande desafio. O tricolor tem uma maneira definida de jogar que vai se aprimorando com o entrosamento de uma base pouco mexida ao longo do tempo. Mesmo sem Geromel, gripado, e depois Kannemann, expulso, a retaguarda sofreu pouco.
Também porque conta com o meio-campista mais completo e promissor do país. Arthur é um luxo em campo. Passes curtos e longos. Para trás criando espaços, para o lado mantendo o controle e para a frente acelerando os ataques. É para Tite olhar com carinho e pensar. Na seleção brasileira não há ninguém com as mesmas características. O mais próximo é Renato Augusto, que perdeu espaço por não acompanhar a competitividade dos demais atuando na China.
O futebol jogado no Brasil pode não ser parâmetro. Mas a inteligência de Arthur em campo é um norte seguro para o Grêmio. Depois que voltou à equipe titular o desempenho coletivo só cresce. Não é por acaso que o gigante catalão, com tradição em meio-campistas talentosos da estirpe de Xavi e Iniesta, tenha desembolsado cerca de 30 milhões de euros acreditando ter um jogador pronto e com um grande lastro de evolução.
Arthur fica no Rio Grande do Sul até o final do ano. Ou seja, poderia disputar o todo Brasileirão. Com chances reais de título ao lado do atual campeão Corinthians e mais alguém que surgir forte no caminho. O problema é que o clube tem uma cultura que despreza os pontos corridos.
Quando foi vice em 2008 e 2013, o tricolor gaúcho não disputou Copa do Brasil ou Libertadores em paralelo. Agora, na primeira rodada, Renato Gaúcho já poupou Luan e afirmou o discurso de dar descanso a atletas ao longo da competição. Mesmo garantindo que entra em todos os campeonatos para vencer, está claro que quando for preciso novamente mandará a campo reservas nos pontos corridos. O foco será manter uma colocação que garanta a vaga para a próxima edição do torneio continental no caso de não vencer as outras competições.
Parece pouco. O Grêmio é um caso único entre os clubes do país: possui mais conquistas da Libertadores que do Brasileiro. Três a dois. O último em 1996, ainda com a fórmula de etapas eliminatórias. Agora, pelo visto, só há alguma chance se ficar de fora dos outros torneios a tempo de uma arrancada nos pontos corridos. Ou conseguir o feito de se manter competitivo em todas as frentes. Improvável.
O Grêmio é copeiro e deve se orgulhar muito desta cultura. Mas não deixa de ser um "desperdício" imaginar que ficaremos privados do melhor do campeão sul-americano em vários jogos da principal competição nacional. Inclusive do talento de Arthur.
(Estatísticas: Footstats)
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