Atlético de Diniz já afeta status quo do futebol no Brasil. Mas nem tanto
- Atlético Paranaense e Chapecoense protagonizaram na Arena da Baixada um raro duelo no Brasil entre modelos diametralmente opostos. A maneira de entender futebol de Fernando Diniz nada tem a ver com a de Gilson Kleina.
Sem certo ou errado. Como tudo na vida, depende do contexto e do gosto pessoal de cada um. Mas no Brasil, com exceção do Grêmio, tudo fica muito condicionado a questões como mando de campo, peso da camisa, colocação na tabela, capacidade de investimento. Quem tem mais é empurrado para o ataque, normalmente sem saber muito o que fazer com esta responsabilidade.
A equipe de Diniz sabe. Saída com os três defensores – não necessariamente zagueiros, como mostrou a escalação dos meio-campistas Pavez e Bruno Guimarães no trio da retaguarda – e circulação da bola inteligente com o time se instalando no campo de ataque. Os alas Jonathan e Thiago Carleto abrindo o campo e contando com a movimentação do trio de ataque Nikão, Ribamar e Pablo e o suporte por dentro de Matheus Rossetto e Camacho. No mínimo dois jogadores dando opções de passe, mobilidade para mexer com a marcação adversária.
Chapecoense se fechando num 5-4-1 com o volante Amaral afundando no meio dos zagueiros – também meio-campista virando defensor, mas com lógica inversa em relação ao oponente – e mais Márcio Araújo na proteção da defesa. Saída nas bolas longas de Canteros para Arthur Caike e Wellington Paulista ou a velocidade de Apodi conduzindo pela direita.
Um tomando a iniciativa, outro apenas reagindo. Desenho tão claro que induzia quem está habituado a ver futebol no Brasil a imaginar o que é previsível na maior parte dos casos: quem nega espaços vai levar vantagem. Impressão que só aumentou na primeira etapa de 74% de posse atleticana e nove finalizações, mas apenas duas no alvo.
Ficou ainda mais forte quando a Chape abriu o placar com Wellington Paulista finalizando cobrança de falta pela esquerda. Ao Atlético, sem espaços, faltava qualidade no acabamento das jogadas para concretizar o domínio. Diniz não tem o talento. Do meio-campista que acerta inversões de lado com passes longos, também do meia que encaixa o passe que quebra as linhas de defesa e do atacante que desequilibra nos dribles.
É uma proposta que por mais que tenha os movimentos treinados precisa da jogada diferente. O Atlético não tem poder de investimento para tanto. Mas há a intenção de traduzir os conceitos em resultados.
E o time da casa virou. Com Pablo na jogada aérea. Depois Nikão chutando forte depois de uma rebatida. Em seguida, Carleto na cobrança de falta. Com a Chape abalada e escancarada, duas saídas em velocidade e os gols de Matheus Rossetto e Ederson. Cinco a um. Com apenas 58% de posse e impressionante eficiência nas finalizações: total de sete, seis no alvo e cinco vencendo Jandrei.
Nenhuma jogada construída com início, meio e fim no fundo das redes do oponente. As ideias de Fernando Diniz merecem o incentivo por já afetarem o status quo do futebol jogado no país. E certamente receberá os elogios pela maior goleada na rodada de abertura do Brasileirão. Também colecionará gente torcendo o nariz e rezando para dar errado, já que o novo, ou o que foge do "feijão com arroz", sempre incomoda os mais tradicionalistas e/ou pragmáticos.
Mas, a rigor, não foi tão transgressor assim. Ao menos na construção do placar neste primeiro ato de Diniz na Série A nacional.
(Estatísticas: Footstats)
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