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André Rocha

Gol de Roger Guedes "salva" a rodada das teorias da conspiração

André Rocha

29/04/2018 19h56

Arbitragem é ruim no mundo todo. No Brasil um pouco pior pelo ambiente hostil criado pelos próprios jogadores pelas simulações e reclamações exageradas aumentando a tensão e, consequentemente, a margem de erro.

Por isso o árbitro e sua equipe vão errar a favor e contra todos os times, mas, assim como em todos os centros futebolísticos, a chance de na dúvida marcar a favor do clube mais poderoso é sempre maior. É humano. Sem convicção naquela fração de segundo, o instinto de preservação fala mais alto. "Se eu prejudicar o mais forte posso tomar uma 'geladeira' mais longa".

Raciocínio correto? Não. Mas quem se importa de fato? Mais fácil deixar como está e desviar o foco da derrota para a arbitragem ou ser beneficiado e dizer que "o choro é livre".

O protesto seria imenso caso o Corinthians saísse do Estádio Independência com um ou mais pontos depois do gol validado e em seguida anulado de Roger Guedes pelo árbitro Dewson Fernando Freitas da Silva, por toque na mão de Ricardo Oliveira ainda no primeiro tempo.

Discutível, como todo toque de mão ou braço na área depois das novas orientações da Comissão de Arbitragem. Antes a interpretação correta seria de que não houve intenção do atacante, agora aparecem as teses de "ampliar a área do corpo", "tirar vantagem do toque", etc. Sempre foi interpretativo, mas agora as variáveis são muitas e fica tudo a critério da cabeça do apitador.

Se o Corinthians saísse sem derrota, todas as teorias de conspiração sobre o "apito amigo" do campeão brasileiro viriam à tona.  De novo a desconfiança de interferência externa, ainda que Dewson garanta que consultou seu auxiliar. Algo que poderia ser minimizado com a utilização do árbitro de vídeo cujos custos a CBF tentou empurrar para os clubes. Nesse ambiente de pressão máxima, a arbitragem pode acabar apelando para errar menos. Ilegal, mas neste mundo cão pior é errar e ser afastado.

Mas veio outro gol de Roger Guedes na segunda etapa, desta vez validado. E o "melhor": lance duvidoso de falta do atacante sobre Mantuan, que substituiu o lesionado Fagner. Discutível. Este que escreve viu disputa normal por espaço. Mas "salvou" a rodada. Vitória do time que se impôs em campo durante boa parte dos 90 minutos em Belo Horizonte.

É óbvio que haverá polêmica, até porque ela é estimulada em todas as mídias e ecoa nas redes sociais. Corintianos reclamarão da falta de Guedes; atleticanos e rivais, mesmo com a derrota do então líder do Brasileirão, vão somar este gol anulado aos lances em que os árbitros voltaram atrás e beneficiaram o atual campeão.

Houve também equívocos e lances duvidosos em outras partidas da terceira rodada. Mas aquela obsessão por "campeonato manchado", com todos falando sobre arbitragem e quase nada sobre os jogos felizmente não vai ocorrer. Ao menos desta vez. Melhor assim.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.