Os problemas de Roger Machado e do Palmeiras não combinam
A demissão de Roger Machado depois da derrota do Palmeiras por 1 a 0 para o Fluminense no Maracanã não pode ser considerada injusta em uma análise geral. A equipe enfrentava problemas crônicos no momento de controlar as partidas e seguia deixando espaços demais entre os setores, além de sofrer com falhas de posicionamento na última linha de defesa. Em termos mentais também parecia frágil, sempre mais perto de sucumbir do que de arrancar os três pontos na fibra, embora tenha conseguido contra o Atlético Mineiro no domingo.
Porque Roger dá a impressão de estar vivendo um dilema em sua ainda curta carreira de treinador. Seus trabalhos não se afirmam com o passar do tempo. No Grêmio durou mais porque no primeiro ano não houve exigências. Recebeu terra arrasada de Luiz Felipe Scolari e praticamente com o mesmo elenco montou um time com ideias claras, modelo de jogo bem assimilado e que chegou a ter momentos de encantar torcida e analistas.
Subiu de patamar, inclusive nas expectativas. Mas entrou em um ciclo negativo até a demissão, embora tenha deixado o legado na maneira de jogar. À distância parece não conseguir fazer as correções pontuais e acaba quebrando a relação de confiança com os atletas, em relação à qualidade do trabalho. Foi o diagnóstico de sua passagem pelo Atlético Mineiro. Novamente um início muito bom, mas quando veio a oscilação as cobranças por conta de um elenco estelar, para o nível do futebol jogado no Brasil, diminuíram a paciência e, pressionado, não conseguiu entregar a evolução no desempenho.
Tanto lá quanto agora, os resultados no geral nem são ruins. Repetiu a melhor campanha na fase de grupos na Libertadores. Segue vivo na Copa do Brasil e com mais de um turno para reagir no Brasileiro. O que se questiona é a estagnação e alguns indícios de problemas na gestão do grupo. Algo para se trabalhar em um clube com mais paciência e fora do olho do furacão.
Então chegamos ao cenário dentro do Palmeiras. De pura esquizofrenia. Prometeram um time imbatível com arena própria e rentável e investidor forte. Ainda mais depois de vencer a Copa do Brasil e o Brasileiro em seguida ainda sem abrir os cofres o quanto poderia. Quando se impôs no mercado nacional e sul-americano, na cabeça do palmeirense o mínimo a conquistar era tudo.
Para complicar o ambiente insano, o rival Corinthians – vivendo crise financeira, mas com uma identidade de futebol desenvolvida ao longo dos anos – venceu Brasileiro e dois paulistas. Agora caiu, porém o São Paulo, outro rival da cidade, sobe e pode assumir a liderança da principal competição nacional. Ou seja, o Alviverde não consegue ocupar o espaço que todos acreditavam que seria seu naturalmente.
A velha mania de achar que tudo se resume a dinheiro. Maior poder aquisitivo é igual a vitórias e títulos. Na Era Parmalat funcionou assim nos melhores momentos. Na fase do investimento da Crefisa está mais difícil. Cuca quando voltou foi tratado como o messias, salvador. Não conseguiu. Agora os alvos parecem ser Abel Braga e Felipão.
Pode dar certo, nada é impossível. Depois do retorno triunfal de Renato Gaúcho ao Grêmio, como duvidar? Mas talvez a maior contribuição dos dois treinadores veteranos agora seria, com o jeito franco e direto de "paizão" de ambos, tentar explicar a torcedores e dirigentes que não há fórmula mágica para vencer e que existe trabalho e investimento também nos concorrentes.
O Palmeiras quer tudo e Roger vem sofrendo quando a cobrança aumenta. Problemas que não combinam. Não podia mesmo dar certo.
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