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André Rocha

Grêmio 1x1 Cruzeiro- melhor jogo da quarta, salvo pela semana sem mata-mata

André Rocha

23/08/2018 00h48

Ainda que Mano Menezes tenha poupado Dedé, Henrique e Edilson e guardado Lucas Silva, Robinho e Thiago Neves no banco para o segundo tempo, o Cruzeiro foi para a Arena do Grêmio com uma formação competitiva. Eliminado da Copa do Brasil , o Grêmio de Renato Gaúcho entrou com todos os titulares.

Fosse num final de semana de Brasileiro com mata-mata no meio e muito provavelmente teríamos uma disputa morna, com equipes formadas apenas por suplentes e sem tanto interesse assim. A tabela salvou o melhor jogo desta quarta-feira pela abertura do returno do Brasileirão.

Equipes com os trabalhos mais longevos na Série A e propostas bem definidas: Grêmio com a bola instalado no campo de ataque buscando os espaços entrelinhas que o Cruzeiro tentava negar com marcação compacta e muita concentração sem a bola esperando a chance de espetar nas transições ofensivas em velocidade.

Time visitante fechado em duas linhas, com De Arrascaeta mais próximo de Barcos e Bruno Silva e Rafinha pelos flancos acompanhando Bruno Cortez e Léo Moura. Principalmente para que Ezequiel pudesse acompanhar Everton quando ele infiltrasse da esquerda para dentro. Luan buscava brechas às costas de Lucas Romero e Ariel Cabral, mas nunca encontrava boa conexão com André, injustificável insistência de Renato. Jailson saía para pressionar os meio-campistas adversários e Maicon organizava.

Primeiro tempo com o jogo mais à feição do Cruzeiro. Controle de espaços, o Grêmio com 67% de posse, mas apenas três finalizações, uma no alvo. Time mineiro concluiu seis, cinco na direção da meta de Paulo Victor. A mais eficiente e bela de Bruno Silva, em típica ação que executava no Botafogo ano passado, vindo da direita para concluir.

Na segunda etapa a partida cresceu muito com o time gaúcho buscando ser mais objetivo. E foi como costuma ser nos últimos tempos: com Everton Cebolinha infiltrando ou conduzindo da esquerda para dentro e finalizando com precisão. O atacante convocado por Tite pode não ser o jogador mais talentoso em atividade no Brasil, mas sem dúvida vem sendo o mais desequilibrante. Sétimo gol no campeonato.

Foram seis finalizações gremistas, nenhuma do Cruzeiro, mesmo com a entrada dos três titulares. A virada poderia ter saído no pênalti de Egídio em Alisson, que entrou na vaga de Leo Moura com Ramiro fazendo a ala pela direita. Mas Luan bateu mal e Fabio pegou. De novo a estrela do tricolor gaúcho desperdiçando a cobrança – desde 2017 são 13, com seis acertos apenas. Um problema para Renato Gaúcho, já que o aproveitamento em pênaltis durante os noventa minutos vem sendo sofrível – foi a quarta cobrança seguida sem bola na rede.

O empate acabou refletindo o equilíbrio de forças. Clubes com forte cultura copeira que ainda podem se cruzar na Libertadores. Felizmente o calendário, por coincidência, permitiu na semana sem mata-mata mais um belo confronto entre dois dos times mais competitivos do Brasil.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.