Felipe Melo, o "gatilho" para os clichês de Libertadores. Menos um
"É jogo de Libertadores!"
Eis o pai de todos os clichês do maior torneio da América do Sul. Uma espécie de senha ou licença para todo tipo de recurso para vencer. Mesmo a barbárie dentro e fora das quatro linhas. Vale quase tudo, porque ao contrário de tempos remotos hoje existe as muitas câmeras de TV para registrar as situações mais absurdas.
O ápice do "futebol testosterona". O jogo pra macho! O templo da virilidade. Pancadaria, ligação direta, lateral na área, torcida hostil, pressão na arbitragem…Vence o mais forte, o mais raçudo ou o mais esperto e não o melhor. É o não-jogar. Posse de bola, conceitos, jogo coletivo e mais pensado que sentido? Tudo frescura…
No Allianz Parque, outros clichês que são derivados do primeiro se fizeram presentes. "Se o resultado é favorável faz catimba!" O Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, com vantagem de dois gols fora de casa e um homem a menos, trocou apenas 140 passes. Poderia ter gastado o tempo ficando com a bola e envolvendo um Cerro Porteño frágil tecnicamente e envelhecido. Preferiu "congelar" o jogo ganhando cada segundo possível. No final, só sofreu um gol, o primeiro sob o comando de Felipão, e se classificou. Mesmo correndo mais riscos que o recomendável.
Mas para que jogar se "é guerra"? Melhor dizer no final que foram mais experientes e malandros, não melhores. É um mundo paralelo que envolve torcida, dirigentes, boa parte da imprensa…como discutir? Ainda mais com Felipão, que chegou ao Palmeiras para entregar resultado. Cru. A exigência por um jogo mais agradável ao olhos se foi com Roger Machado. Sai a estética, fica o pragmatismo puro.
"Felipe Melo é isso!" De fato, o Palmeiras sabia quem estava contratando e isto ficou claro desde a coletiva de apresentação. Tudo pode acontecer. Tanto um bom desempenho do volante inteligente, de senso coletivo, posicionamento correto e passe preciso quanto o ocorrido aos três minutos de jogo.
Porque o árbitro argentino Germán Delfino não seguiu o clichê "juiz não expulsa na primeira pancada". A entrada de Felipe Melo em Vítor Cáceres era mesmo passível de vermelho direto. Talvez outro não tivesse coragem para expulsar um atleta do time da casa tão cedo. Mas certamente o volante pagou pelos antecedentes. Faz parte do jogo.
Assim como é do repertório de todas as torcidas o "se não for sofrido perde a graça". Um jogo de volta que parecia protocolar para garantir a vaga nas quartas de final se transformou numa batalha épica. No final, todos saíram vibrando e até criou-se um clima de "contra tudo e contra todos" por conta da arbitragem. Nada mais emblemático.
Felipe Melo foi o "gatilho" de um combo de clichês de Libertadores. Mas quem se importa? O Palmeiras segue vivo. E "os anti pira".
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