Topo

André Rocha

Ceará vence Corinthians e Fla porque trabalho de Lisca não é só folclore

André Rocha

05/09/2018 22h28

No Maracanã, abnegação sem bola das duas linhas de quatro, rapidez nas transições ofensivas e vitória sobre o Flamengo no chute de longe de Leandro Carvalho que quicou no péssimo gramado e surpreendeu Diego Alves.

Dentro do Castelão diante de um Corinthians fragilizado com desfalques em um elenco já muito mexido, postura ofensiva, marcação no campo de ataque, mobilidade do trio Calyson, Juninho Quixadá e Leandro Carvalho atrás de Arthur Cabral. Centroavante que ora faz o pivô, ora abre espaços para as infiltrações dos companheiros ou se posiciona para a finalização como um típico camisa nove. Mais a aproximação de Richardson e o apoio alternado dos laterais Samuel Xavier e Felipe Jonatan.

Gol de falta do goleiro Éverson para descomplicar a partida no primeiro tempo e compensar um velho problema da equipe: desperdiça chances cristalinas. Algo ainda mais complexo para uma equipe de menor investimento que em algumas partidas tem uma ou duas e precisa aproveitá-las. Na segunda etapa, Leandro Carvalho passou como quis por Mantuan, substituto de Fagner na lateral direita, e serviu Calyson, que desviou e a bola bateu em Danilo Avelar antes de entrar.

O gol de Roger na única jogada bem coordenada com assistência de Jadson e a pressão final do Corinthians com Mateus Vital e Araos dando mais dinâmica ao meio-campo e Matheus Matias se juntando a Roger no ataque fizeram o time da casa recuar, Lisca trocar Arthur pelo zagueiro Eduardo Brock e administrar a vantagem com algum sofrimento.

Mas não dá para dizer que o jogo foi igual. Ainda que a equipe de Osmar Loss tenha encerrado o jogo com 63% de posse. Foram 16 finalizações do Ceará, metade no alvo, contra 11 dos visitantes, quatro na direção da meta de Éverson. Estrategicamente, o jogo foi de Lisca. E custou a vaga de treinador de Loss, que volta a ser auxiliar técnico na comissão permanente.

Lisca entrega mais uma vez trabalho que é bem mais que o folclore que acompanha o treinador carismático. O "hospício" fica só na torcida. Em campo há uma equipe que ganha consistência, confiança com as vitórias sobre os times mais populares do país e fica bem mais próxima de fugir do Z-4.

Com 23 pontos, a distância para o Botafogo, que é o 14º colocado e também tem 23 jogos, é de apenas três pontos. Convém olhar com atenção e respeito o que Lisca consegue novamente no "Vozão".

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.