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André Rocha

Corinthians e Cruzeiro: a cultura de vitória na final da Copa do Brasil

André Rocha

27/09/2018 00h13

O último campeão brasileiro e paulista. O último campeão da Copa do Brasil e mineiro. Os jogos de volta das semifinais do torneio mata-mata nacional foram parelhos, com momentos de pressão no final de Palmeiras e Flamengo, mesmo como visitantes.

Mas a cultura de vitória está na final da Copa do Brasil. Conceito subjetivo, mas que transmite confiança para quem conquista títulos e muitas vezes "encolhe" a perna dos jogadores da equipe que coleciona fracassos e sofre pressão. Exatamente o perfil atual dos derrotados, embora o Alviverde tenha taças mais recentes para ostentar. Só que depois de aumentar ainda mais o poder de investimento está devendo em resultados. Ao menos por enquanto.

Já o Corinthians sofre por restrições no orçamento e baixas seguidas no elenco e na comissão técnica. Mas se desta vez não encontrou forças para ser competitivo nos pontos corridos, especialidade nos últimos anos, chega na Copa do Brasil. Nove anos depois do terceiro e último título.

Em 2009 com Mano Menezes. Treinador na segunda final consecutiva, semifinalista em 2016. Com um Cruzeiro pragmático, que novamente não venceu o jogo de volta no Mineirão e vai se garantindo fora de casa. No 4-2-3-1 sólido, mas nem sempre constante. Péssima notícia para a volta contra o Boca Juniors pela Libertadores, mas carrega favoritismo para o bi e a sexta conquista do torneio nacional.

Porque o time de Jair Ventura foi inferior ao Flamengo nos 180 minutos. Mas teve eficiência em Itaquera, desde a bela inversão de Jadson, novamente jogando mais adiantado, que pegou Pará com Clayson e Danilo Avelar nas costas de Everton Ribeiro para abrir o placar.

Depois o jovem e promissor Pedrinho, que entrara na vaga de Clayson, decidiu no talento, com a ajuda da passividade no combate de Willian Arão e Trauco –  as surpresas de Mauricio Barbieri que adiantou Paquetá para jogar com Henrique Dourado e abriu Diego na ponta esquerda num 4-2-3-1 – e do sacrifício de Diego Alves para seguir em campo depois de uma lesão no primeiro tempo.

O gol rubro-negro foi contra, mais uma vez. De Henrique, desviando cruzamento de Pará. O lateral que acertou a trave no último ataque. A 11ª finalização rubro-negra contra seis do Corinthians – quatro a três no alvo.

No Mineirão a disputa foi mais econômica em conclusões: seis do Palmeiras, quatro do Cruzeiro. Também pelo excesso de ligações diretas e chutões – 45 do time mineiro, 30 dos visitantes. Roteiro esperado: Cruzeiro abrindo o placar na saída rápida, com Lucas Silva encontrando Barcos, que driblou Weverton e parecia encaminhar a classificação. Mas o gol de Felipe Melo, completando cobrança de escanteio, deixou tudo mais eletrizante até o final. O desfecho, porém, acaba com o sonho da "tríplice coroa" do Palmeiras de Luiz Felipe Scolari.

Porque os dois times mais vencedores do país nos últimos tempos, junto com o Grêmio, resistiram. Na fibra, no apoio de suas torcidas. Mas principalmente pela força mental de quem vem crescendo em momentos decisivos. Por isso mesmo devemos ter uma final imprevisível, até pela posição intermediária dos times no Brasileiro.

Foco total. O trabalho mais curto contra o mais longevo. Quem vai se impor?

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.