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André Rocha

Grêmio x River deveria ter sido a final de 2017. Agora será duelo gigante

André Rocha

02/10/2018 23h40

Renato Gaúcho repetiu na Arena do Grêmio o trio ofensivo do jogo de ida com Alisson e Everton nas pontas e Luan como falso nove. Mas sem Ramiro e Maicon mudou o desenho tático. Alinhou Matheus Henrique e Cícero à frente da defesa e deu liberdade a Thaciano num 4-2-3-1.

Com o meio-campo tão mexido, o time gaúcho sofreu um pouco no início contra um Atlético Tucumán obrigado a adiantar as linhas, porém mais organizado que no jogo em casa. Os argentinos terminaram o primeiro tempo dividindo a posse de bola e finalizando oito vezes, mas apenas duas no alvo.

O Grêmio foi mais eficiente: concluiu nove, quatro no alvo. Duas nas redes. Com Léo Moura como protagonista. Cruzamento na segunda trave, toque de Thaciano e gol de Luan. Depois iniciando a jogada que terminou no passe de Luan para Alisson disparar e sofrer pênalti do goleiro Lucchetti, que acabou expulso com auxílio do VAR. A cobrança precisa de Cícero resolveu o jogo e, dobrando a vantagem conquistada na ida, definiu o confronto já no primeiro tempo.

Na segunda etapa, com um homem a mais foi um passeio em ritmo de treino, com gol contra de Sánchez em finalização de Alisson e o time perdendo outras boas chances até marcar no último ataque em outro pênalti sofrido e convertido por Jael.

Quatro a zero para impor ainda mais respeito. Como esperado desde a definição do confronto, o Grêmio sobrou. Ataque mais positivo com 22 gols, apenas cinco sofridos. Líder do torneio na posse, na troca de passes e nas finalizações. 100% de aproveitamento em casa nesta edição. Encontra equilíbrio na hora de decidir.

Semifinal contra o River Plate. Equipe forte com trabalho consolidado do treinador Marcelo Gallardo. Desde 2014, com títulos da Sul-Americana e Libertadores. Também semifinalista no ano passado. Domínio absoluto no Monumental de Nuñez diante do Lanús: 59% de posse, 12 finalizações contra apenas duas. Nenhuma no alvo do time visitante. Mas só 1 a 0 no placar. Na volta, o Lanús dominou a posse, com 62%, mas novamente finalizou menos – 11 a 8 para o River, cinco no alvo para cada lado. Quatro gols contra apenas dois do então finalista inédito.

A equipe de Gallardo foi superior nos 180 minutos, mas pagou pela falta de contundência, especialmente em seus domínios. O Grêmio nada tinha com isso, dominou a decisão vencendo os dois jogos com autoridade e garantiu o tricampeonato sul-americano.

Vai buscar o tetra enfrentando outro gigante três vezes campeão. Definindo em Porto Alegre a vaga na decisão. Duelo saturado de tradição. O Estudiantes eliminado nas oitavas tem quatro taças no currículo, mas vive fase de transição. O River, não. Comprovou sua força eliminando o Independiente "Rei de Copas" e campeão da Sul-Americana. Parece mais maduro desta vez. Time de Scocco, Pratto, Quintero, Ponzo, Nacho Fernández…

Na teoria, o maior desafio da jornada épica do time de Renato Gaúcho, digna de roteiro de filme, desde setembro de 2016. Devia ter sido a final do ano passado, agora é confronto de difícil prognóstico. Mas com um favorito: o atual campeão.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.