Lucas Paquetá vai para o Milan. Nossa sina é admirar pedras brutas
Lucas Paquetá não é um jogador pronto, até pelos 21 anos sem ser um fenômeno daqueles que surgem muito raramente. Tanto que não foi negociado para um time da primeira prateleira do futebol europeu. Vai em janeiro para o Milan que volta a investir em busca de um protagonismo difícil de vislumbrar a médio/longo prazo mesmo na Série A italiana.
O Flamengo recebe 100 milhões de reais para Eduardo Bandeira de Mello fechar seu mandato sem deixar um buraco no orçamento para o sucessor que não deve ser da situação. A menos que consiga uma arrancada para o título brasileiro.
Mais um jovem saindo. Não tão prematuro quanto Vinicius Júnior ou Rodrygo, mas ainda precisando de lapidação. Soltar a bola mais rapidamente, tomar melhor as decisões, ocupar os espaços corretos. Entender o jogo coletivamente sem a necessidade do drible em qualquer região do campo para se destacar na multidão. No mais alto nível é aprender a jogar mesmo.
Sem comparações, Paquetá lembra um pouco Toninho Cerezo. Estilo "peladeiro", com boa técnica e vigor físico para preencher as intermediárias, mas um tanto aleatório no posicionamento e na movimentação. Só quando foi para a Itália passou a "correr certo". Voltou experiente, versátil e inteligente para ser multicampeão no São Paulo.
Por aqui o meia se destaca. É o rubro-negro que mais finaliza. Artilheiro da equipe com nove gols. Quatro a menos que Gabriel Barbosa do Santos. Outro que saiu cedo, foi para Milão, mas não conseguiu se destacar na Internazionale. Exatamente pela carência de leitura de jogo. Volta ao Brasil e o desempenho sobe com a liberdade total no ataque do time de Cuca.
Pode acontecer o mesmo com Paquetá, liberado por Dorival Júnior para atuar mais avançado. Mas a tendência é que amadureça longe de tantos holofotes, elogios desmedidos, oba oba e o típico paternalismo do nosso futebol. Porque nos empolgamos com qualquer centelha de talento. Nossa sina é admirar pedras brutas.
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