Nem vitória sobre Argentina tira o Brasil de Tite da "ressaca" pós-Copa
Tite resolveu resgatar contra a Argentina na Arábia Saudita uma ideia da Copa do Mundo. Mais especificamente o segundo tempo da vitória sobre o México nas oitavas de final. Ou emular a dinâmica do ataque do PSG para deixar Neymar partindo da esquerda, mas à vontade para circular.
Gabriel Jesus na ponta direita buscando as diagonais em velocidade como Mbappé, Roberto Firmino no centro do ataque sendo o "Cavani". No meio, Philippe Coutinho por dentro com Arthur e Casemiro. Variação do 4-1-4-1 para o 4-4-2 sem bola com o camisa dez e capitão sem grandes atribuições defensivas.
Valeu o teste para observar a movimentação, mas novamente ficou a impressão de que a "ressaca" da Copa do Mundo ainda não passou. Talvez por conta da permanência de Tite, sem um recomeço, "fato novo"…O fato é que as atuações têm sido com baixa intensidade. O forte calor também jogou contra.
Dentro desta nova proposta, a presença de laterais de maior vigor físico, atenção defensiva, mas que não chegam ao fundo com velocidade deixam a equipe um pouco mais travada, previsível. Sem Paulinho e com Arthur, o Brasil ganha circulação da bola, mas perde outra opção de infiltração.
Melhorou um pouco com a entrada de Richarlison no lugar de Gabriel Jesus, mas nada especial. Com Neymar articulador é preciso ajustar a movimentação de Coutinho para não subaproveitar o talentoso meia do Barcelona que rendeu pouco mais uma vez.
A Argentina renovada de Lionel Scaloni sem Messi também teve problemas para criar, com Dybala e Correa alternando pelas pontas, mas sem infiltrar e Icardi encaixotado por Marquinhos e Miranda. O mesmo 4-1-4-1 variando para as duas linhas de quatro, também sem ultrapassagens rápidas pelos flancos. A albiceleste teve um período de domínio no início da segunda etapa e só.
O resultado foi um jogo sonolento, protocolar. Para cumprir contrato. Sem espírito de clássico, um triste retrato da perda de protagonismo mundial dos gigantes sul-americanos. No final, o gol de Miranda completando de cabeça escanteio de Neymar, após enrosco com Otamendi, para evitar uma decisão por pênaltis que seria constrangedora.
A expectativa é de que o trabalho de Tite desde o início do ciclo ganhe vida em 2019, com a Copa América como uma meta mais próxima. Algo para ser encarado como desafio e tirar do marasmo de um "luto" que apesar dos sorrisos está demorando demais a passar.
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