Palmeiras de Felipão perde quando abre mão da "trocação". Mas ainda vive
O Palmeiras foi o mesmo por 70 minutos na Bombonera. Muita concentração defensiva, pressão no adversário com a bola, encaixe no setor para não permitir superioridade numérica. Bola roubada, muitas ligações diretas (53 lançamentos) em busca de Borja na frente ou das extremas com Dudu e Willian.
O Boca Juniors também muito atento aos contragolpes do oponente, com Barrios na proteção e última linha posicionada para guardar a própria área. Na construção, porém, foi igualmente sem criatividade. Com Ábila na frente, abrindo mão de Villa na ponta e posicionando Zárate pela esquerda num 4-1-4-1.
Jogo igual que foi acomodando o time de Felipão no jogo. Talvez o primeiro tempo muito fraco tecnicamente tenha passado a impressão de que seria mais fácil controlar. E aí veio o equívoco no comportamento ao longo do segundo tempo e com mais ênfase a partir dos 25 minutos.
Porque o Palmeiras não é um time de controle, mas de "trocação". Troca ataques e tenta se defender melhor e desequilibrar na frente com as individualidades. Mesmo com vantagem no placar segue incomodando. Desta vez jogou por uma bola e foi pouco. Até porque não valoriza a posse para esfriar o rival.
Quando Guillermo Schelotto trocou Ábila por Benedetto, o Boca ganhou uma referência mais móvel. Já com Villa no lugar de Zárate. Sem nenhuma grande evolução, apenas com um pouco mais de dinâmica e fôlego renovado na frente, o time argentino conseguiu os gols com o centroavante substituto. Benedetto ganhou no alto de Felipe Melo e abriu o placar. Depois, por baixo, limpou Luan e bateu no canto de Weverton.
Entre um gol e outro, dos 38 aos 43, o único momento em que a Bombonera pulsou e intimidou o rival. Pela primeira vez se viu o seguro Palmeiras assustado. Também porque não vinha mais criando problemas ao sistema defensivo xeneize.
O placar de 2 a 0 parece exagerado. Mesmo com o Boca impondo 57% de posse, e nove finalizações contra oito. Mas seis a dois no alvo. Poucas chances cristalinas. No geral, muito equilíbrio. Por isso o Palmeiras ainda vive na semifinal da Libertadores. Mas terá que voltar à sua essência com intensidade máxima. E força mental para lidar com a obrigação de reverter um cenário agora tão complexo.
(Estatísticas: Footstats)
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