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André Rocha

Palmeiras e Flamengo iguais na força pela esquerda. Empate encaminha taça

André Rocha

27/10/2018 21h39

Apesar das ausências importantes e da preocupação com a volta contra o Boca Juniors pela Libertadores, o Palmeiras tinha o jogo à sua feição pelo contexto. Mesmo contra o Maracanã cheio e um Flamengo confiante depois da chegada de Dorival Júnior.

Porque no futebol jogado dentro do Brasil quem pode atuar negando espaços e explorando as costas da retaguarda adversária sempre leva vantagem. Física, tática, técnica e mental. O time de Felipão se fechava em duas linhas de quatro com muita concentração para não permitir as triangulações e sempre pressionando o adversário com a bola.

Só tinha um "ponto cego". Já esperado pelas ausências de Marcos Rocha e Mayke. Felipão posicionou Luan na lateral direita, mas o zagueiro sofreu no duelo com Vitinho, o grande destaque rubro-negro no primeiro tempo. O ponteiro do 4-2-3-1 do Fla que teve a grande chance nos primeiros 45 minutos quando Vitinho passou como quis por Luan e teve tempo e espaço para levantar a cabeça, mas não percebeu o deslocamento perfeito de Arão, que ficaria de frente para Weverton. Cruzamento errado, chance desperdiçada.

O Palmeiras também atacava pela esquerda, com Dudu para cima de Pará. Na primeira etapa não teve grande efeito prático, mas logo após a volta do intervalo a bola longa pegou o lateral direito do Flamengo mal posicionado e cedento espaço suficiente para o melhor jogador do campeonato até aqui cortar para dentro, limpar também Léo Duarte e bater no canto esquerdo de César.

Vitinho sentiu lesão no segundo tempo e Dorival colocou Marlos Moreno. Antes havia trocado Arão por Diego e voltado ao 4-1-4-1 dos tempos de Mauricio Barbieri. Luan também saiu desgastado para a entrada de Gustavo Gómez. As trocas criaram uma vantagem clara do atacante colombiano sobre o zagueiro paraguaio na velocidade.

Marlos recebeu nas costas de Gómez, cortou Antônio Carlos e empatou. Marlos não marcava desde 2016. Já o artilheiro do Flamengo no Brasileiro com dez gols perdeu a grande chance da virada. Antes de Felipão corrigir a marcação no setor ao deslocar o volante Thiago Santos para a direita, o ponteiro disparou e serviu Paquetá que, livre, bateu por cima.

Era a bola de um jogo estrategicamente igual. Já era esperado que o Flamengo tivesse muito mais posse (62%). Talvez não tantas finalizações – 19, mas só quatro no alvo. Mas novamente exagerou nos cruzamentos em uma partida decisiva: 43. O Palmeiras efetou 64 lançamentos e 50 rebatidas, também previsível para o "padrão Felipão". Assim como a eficiência de finalizar sete vezes, duas no alvo e uma nas redes.

De Dudu, que se sacrifica nas duas competições porque o time depende dele. Vai precisar demais do fator de desequilíbrio contra o Boca no Allianz Parque. Já no Brasileiro a missão agora é administrar. Quatro pontos de vantagem mantidos, um confronto direto a menos e sete rodadas com tabela em tese mais fácil que a sequência de jogos dos concorrentes.

O título parece encaminhado. Logo o que o Palmeiras não priorizou e, por isso, jogou com calma e leveza. Vantagem considerável no tenso, quase surtado, ambiente de time grande no Brasil.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.