No clássico sem os gênios, Lopetegui erra e Suárez comanda "la manita"
Desde 2007 não havia um Barcelona x Real Madrid sem Messi e Cristiano Ronaldo em campo. Foi estranho não ver no Camp Nou os gênios que por onze anos atraíram os olhos do mundo. Mas o jogo foi histórico apesar das enormes ausências.
Porque o Barça sobrou no primeiro tempo com Arthur novamente ditando o ritmo e "escondendo" a bola. Atacando pelo lado que tem profundidade: o esquerdo, com Jordi Alba voando. Mesmo sem as inversões de Messi. O planeta bola conhece a jogada, mas Julen Lopetegui parece não ter percebido.
Deixou Nacho solitário pela direita, sem o auxílio de Bale ou Modric nem a cobertura rápida de Varane, e ainda com linhas adiantadas. No primeiro passe longo de Rakitic, um dos destaques da partida, Alba disparou, olhou para trás e serviu Philippe Coutinho.
Com a desvantagem, o time merengue adiantou ainda mais as linhas tentando pressionar a marcação e sem corrigir o problema pela direita. Alba infiltrou mais três vezes. Na última passou para Suárez, que foi derrubado por Varane. Pênalti marcado com auxílio do VAR. O próprio uruguaio fez 2 a 0 com uma batida de manual, na bochecha da rede para não dar chances a Courtois, que acertou o canto.
Lopetegui corrigiu o erro, que não é mérito nenhum, na volta do intervalo. Trocou Varane por Lucas Vázquez, que foi jogar na lateral direita. Nacho foi para a zaga fazer dupla com Casemiro, que recuou e mandou Sergio Ramos para fazer um lateral zagueiro à esquerda liberando Marcelo como ponteiro.
Ernesto Valverde e seus comandados demoraram a assimilar a mudança. Porque o lado de Alba que atacava foi obrigado a defender. Vázquez apoiava e Isco e Bale alternavam na ponta. Em jogada pela direita, o gol de Marcelo para equilibrar as forças. O Real teve bola na trave e boas oportunidades para empatar.
Não aproveitou e o Barça ajustou a marcação. Também descobriu que a mudança no rival criou um buraco pela esquerda, entre Marcelo e Sergio Ramos, que foi bem explorado por Sergi Roberto. Primeiro como lateral, depois como ponteiro quando Nelson Semedo substituiu Rafinha, que tentou jogar às costas do meio-campo adversário, mas cometeu muitos erros técnicos.
Duas assistências de Roberto, gols de Suárez para resolver o jogo. No final, mais um ataque pela esquerda com o Real já com a guarda baixa e gol de Vidal. Para completar a sequência de seis gols de jogadores sul-americanos. Podia ter sido mais se Suárez não tivesse desperdiçado mais duas chances.
De qualquer forma, o time catalão recupera a liderança da liga espanhola e repete 2010 com a "manita". Goleada que marcou a trajetória de José Mourinho, mas deu início a uma reformulação no modelo de jogo que terminou na conquista da liga na temporada seguinte. Será que Lopetegui terá tempo para fazer a equipe reagir? Neste momento parece improvável.
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