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André Rocha

City perde invencibilidade e liderança na noite do "arame liso" em Londres

André Rocha

08/12/2018 17h44

Pep Guardiola deixou Gabriel Jesus no banco de reservas e montou o trio ofensivo com Mahrez, Sterling e Sané. Velocidade e movimentação na frente sendo adicionadas à posse de bola e à pressão pós perda que constrói todo volume de jogo do atual campeão e então líder da edição 2018/19 da Premier League.

Não é justo dizer que faltou presença de área ao Manchester City no Stamford Bridge. Os três apareciam, mais Bernardo Silva e David Silva. A falha no primeiro tempo de 62% de posse de bola e controle total do jogo foi no acabamento das jogadas. No passe que vira assistência facilitando a conclusão precisa.

É preciso também reconhecer a absoluta concentração defensiva do Chelsea de Maurizio Sarri. Mesmo quando Marcos Alonso permitiu que Sterling girasse e disparasse na linha de fundo, Azpilicueta estava atento para impedir a finalização de Sané. No mesmo 4-3-3, teve calma e entendimento do jogo para se posicionar no próprio campo e buscar as transições rápidas com Pedro e Willian nas pontas e Hazard como "falso nove".

Jorginho foi mais volante de proteção da retaguarda que o "regista" que comanda a posse de bola. Até porque Guardiola, assim como outros treinadores na Premier League, já notou que a construção depende fundamentalmente do brasileiro naturalizado italiano.

Pragmático como o time de Antonio Conte, campeão na temporada 2016/17, esperou a chance de golpear o adversário. Começando pelo passe longo de David Luiz para Pedro, mas descendo em bloco até a bola passar por Hazard e o craque belga encontrar Kanté, que reagiu mais rapidamente que Sané e aproveitou o buraco na entrada da área para voar e finalizar forte, sem chance para Ederson.

A única finalização dos Blues em 45 minutos. Contra apenas quatro do City, também só uma na direção da meta do goleiro Kepa. Muito pouco para o domínio dos citizens. A falta de contundência foi castigada.

No segundo tempo, uma inversão no aspecto mental. O City nitidamente baixou a guarda, diminuiu a intensidade. Tentou ganhar presença de área com Gabriel Jesus na vaga de Sané, mas não recuperou as rédeas da partida. O Chelsea cresceu, trouxe a torcida para perto e teve chances de ampliar até a cobrança de escanteio de Hazard que David Luiz desviou para as redes.

Depois foi guardar a própria meta com organização e setores bem coordenados. Com Phil Foden e Gundogan, o City finalizou dez vezes no segundo tempo, mas chance clara só com Jesus, mas Kepa salvou. Sarri adicionou força física com Loftus-Cheek, Barkley e Giroud. Suportou os muitos cruzamentos e teve a humildade para entender que precisaria manter a proposta de jogo para não correr riscos na administração dos 2 a 0. Um plano executado com perfeição.

Para tirar a invencibilidade de 21 jogos do rival, 11 como visitante. Uma vitória que entrega a liderança ao Liverpool, mas é simbólica para manter a capacidade competitiva do Chelsea, agora a oito pontos dos Reds. Emblemática também para o time azul de Manchester. Kun Aguero fez falta demais na noite do "arame liso" em Londres.

(Estatísticas: BBC)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.