Carille volta ao Corinthians com status (e pressão) de "terceiro arquiteto"
Em dezembro de 2016, Fábio Carille foi anunciado como treinador do Corinthians com zero pompa e circunstância. Quarta opção depois de negativas de Guto Ferreira, Dorival Júnior e Reinaldo Rueda, estava cercado de desconfianças após ter recebido uma oportunidade no lugar de Cristóvão Borges, o sucessor de Tite, e em seguida o clube optar pela experiência de Oswaldo de Oliveira.
Dois anos depois, a recepção no aeroporto foi digna do comandante nas três últimas conquistas do clube antes de partir para o Al-Wehda: dois títulos paulistas e o Brasileiro de 2017. Agora com luz própria, sem o rótulo de discípulo de Tite. Ainda que o resgate da identidade corintiana seja a grande esperança de torcida e diretoria para 2019.
Antes havia a pressão natural de um time grande – Carille chegou a balançar nos primeiros meses de 2017 com resultados e desempenho mais que questionáveis. Mas a rigor a expectativa era quase nenhuma. O técnico focou primeiro em resultados que sustentassem o trabalho e o tempo entregou o time base que surpreendeu e fez história, ainda que estivesse longe da "quarta força" que foi utilizada como provocação para mobilizar e terminou o ano como tema principal do desabafo pós títulos.
Agora, mesmo que Mano Menezes tenha sido procurado primeiro por Andrés Sánchez, só fica a responsabilidade de tentar repetir o feito. Mas desta vez sem efeito surpresa e com o currículo trazendo confiança, mas também a cobrança desmedida típica do futebol brasileiro. Mais uma vez o óbvio precisa ser dito: Carille não vai entrar em campo. E desta vez será o grande chefe, não aquele auxiliar que estava sempre por ali colaborando nos treinos sem protagonismo e que precisava da ajuda de todos na maior oportunidade da carreira.
Os insucessos de Osmar Loss e depois de Jair Ventura, também com pouca rodagem, deixaram claro que o Corinthians não trabalhava numa espécie de "piloto automático" independentemente da qualidade do comando e também do elenco. O time sentiu o desmanche, mas também a falta das mãos que participavam dos processos há muito tempo.
É possível formar de novo um time competente em 2019. Ramiro é volante que ajeita meio-campo, aberto ou por dentro. Se "Gustagol" retornar do Fortaleza com a mesma confiança de artilheiro pode ser a solução "caseira", ainda que não tenha as características de Jô, fundamental em 2017. É possível também retomar a dinâmica ofensiva sem referência, com dois ponteiros e uma dupla de meias por dentro alternando como "falso nove". Pedrinho é talento que ganha maturidade e pode ser uma peça desequilibrante com mais regularidade.
Há uma base experiente com Cássio, Fagner, Henrique, Jadson e Romero. Luan do Atlético-MG está na mira para ser o ponteiro de rapidez e intensidade. Sornoza é meia com qualidades, mas depende muito dos estímulos para demonstrar consistência. Richard, também vindo do Fluminense, é opção de volante para proteção e infiltração na área adversária.
Na capacidade de investimento será bem difícil competir com Palmeiras, Flamengo, Grêmio e Cruzeiro. Mas se conseguir novamente associar mentalidade vencedora e capacidade competitiva, com solidez defensiva e eficiência no ataque tendo a concentração como a grande marca do time em campo, o Corinthians pode retomar o norte do período mais vencedor de sua história.
Mas com um novo Fabio Carille. Carregando a dor e a delícia de ser visto em um patamar não tão distante de Mano Menezes e Tite. Não mais o auxiliar que deu certo e sim o "terceiro arquiteto" da sólida construção corintiana dos últimos dez anos. Não é pouco e a cobrança virá na mesma proporção.
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