City vence Liverpool em duelo de cuidados e muito respeito. Temos uma liga!
O jogo de ida entre Liverpool e Manchester City em Anfield foi decepcionante por erros técnicos induzidos pelos muitos cuidados táticos de Pep Guardiola e Jurgen Klopp. Forças que se anularam em noventa minutos praticamente sem aleatoriedades, jogadas individuais e, por isso, com poucas emoções.
A volta no Etihad Stadium parecia seguir o mesmo roteiro. Klopp desmontou o 4-2-3-1 e voltou ao 4-3-3 com um trio mais "duro" no meio-campo: Henderson no centro, Wijnaldum e Milner nas meias. Mané voltava pela esquerda deixando Firmino e Salah mais adiantados.
Já os citizens cuidaram da última linha de defesa. Danilo e Laporte presos nas laterais, participando da construção das jogadas na maior parte do tempo na linha de Fernandinho, novamente o passador responsável pelo passe vertical acionando o quinteto ofensivo: Sterling, Bernardo Silva, David Silva e Sané se aproximando de Aguero na referência.
Os cuidados eram claros. A pressão na saída de bola do adversário não acontecia como se não houvesse amanhã. Um avanço mal executado ou superado pelo toque de bola com qualidade do oponente e a chance de ter a retaguarda atropelada era enorme. Muito respeito.
Tudo encaixado como o duelo em Liverpool. Era preciso algo diferente. Primeiro Salah, normalmente a referência para o passe longo, achou Mané livre infiltrando por dentro nas costas da defesa azul, desarrumada pela movimentação adversária. Chute na trave, trapalhada de Ederson e Stones, que evitou o gol contra. Por centímetros.
A mesma medida da passagem da bola por Alisson na bomba de Aguero para abrir o placar. O desequilíbrio, porém, veio com Bernardo Silva saindo da meia direita e criando com David Silva e Sané a superioridade numérica do lado oposto deixando o meia português livre para servir o atacante argentino, que aproveitou a hesitação de Lovren para girar rápido.
Gol único de um primeiro tempo de 59% de posse do City, mas apenas duas finalizações para cada lado, uma no alvo. Um detalhe moveu o placar.
Klopp esperou 12 minutos para trocar Milner por Fabinho e voltar ao 4-2-3-1. Inverteu o lado de Mané e abriu Wijnaldum pela esquerda. Firmino recuou para articular e Salah aprofundou como a referência. Automaticamente ganhou mais volume, qualidade no passe para a construção.
Também liberdade para os laterais abrirem o campo e buscarem o fundo. Na inversão de Alexander-Arnold, falha de Danilo, assistência de Robertson dentro da área do City e empate com Firmino.
Assim como aconteceu no duelo pelas quartas de final da Champions na temporada passada, o time de Guardiola sentiu muito o gol sofrido e se desconcentrou, cedendo espaços para as transições em velocidade dos Reds.
Mas Sterling, quase sempre atacando bem aberto para gerar amplitude, acelerou da direita para dentro, Aguero atraiu a atenção de Arnold e Sané recebeu livre para bater cruzado e a bola bater na trave esquerda de Alisson antes de entrar.
Com pouco mais de vinte minutos para definir um confronto decisivo entre as duas grandes forças da Premier League, o jogo ganhou a intensidade e a emoção esperadas. Salah teve grande chance, mas Ederson salvou; Bernardo Silva e Sterling perderam oportunidades cristalinas no mesmo lance.
Klopp tentou mudar com Shaqiri e Sturridge nas vagas de Wijnaldum e Mané, mas sem radicalizar. Guardiola, que havia trocado Silva por Gundogan, tirou Kompany e Laporte, colocou Walker e Otamendi para suportar a pressão um tanto descoordenada do ainda líder do campeonato. Posse de bola rigorosamente empatada, nove finalizações do City contra sete, mas cinco do Liverpool no alvo, uma a mais que o adversário.
No apito final, muita festa do time da casa por encerrar a invencibilidade e diminuir a vantagem do líder para quatro pontos. Era preciso arriscar e o City fez o suficiente para cumprir a missão de forma pragmática: sair com os três pontos. Ainda temos uma liga!
(Estatísticas: BBC)
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