Com Goulart, Palmeiras consolida ideia de dois times fortes na temporada
O Palmeiras vive aquele período mágico no qual já tem um elenco forte e vencedor, só necessita de contratações pontuais e, também por conta da solidez financeira, muitos jogadores querem vestir a camisa do clube e participar desse momento de conquistas.
Mas desta vez a ida ao mercado foi um pouco mais voraz. Zé Rafael, Arthur Cabral, Carlos Eduardo, Felipe Pires, Matheus Fernandes e agora Ricardo Goulart. Sem contar a contratação de Mayke, que estava emprestado pelo Cruzeiro, e o retorno de empréstimo de atletas como Raphael Veiga e Fabiano.
O cenário no Brasil é de mercado aberto durante praticamente todo o ano, mas o Palmeiras acertou ao tomar a iniciativa desde o final de 2018 e definir a grande maioria das contratações ainda na pré-temporada. Quanto mais rápido o atleta estiver ambientado ao clube, à cidade, aos companheiros e ao modelo de jogo da equipe, melhor. Algumas agremiações esperam demais e o jogador acaba chegando no olho do furacão, com jogos em sequência, sem tempo para treinar e já pressionado por resultados imediatos.
A proposta é clara: consolidar a ideia de contar com dois times fortes na temporada. Primeiro Paulista e Libertadores, depois pontos corridos (Brasileiro) e mata-mata (Copa do Brasil e o torneio continental). Elenco farto e equilibrado, de qualidade equivalente em todas as posições e funções. Nas entrevistas, Luiz Felipe Scolari tem usado muito a palavra "característica". Com razão. É a chave para atender as demandas que podem surgir na temporada. O objetivo é repetir 2018 e disputar todos os títulos, porém com mais conquistas que o Brasileiro. A obsessão pela Libertadores é evidente.
Com Carlos Eduardo a ideia é ter velocidade na transição, um jogador que possa ser referência para lançamentos quando o time estiver pressionado. Um desafogo. Zé Rafael chega para adicionar técnica ao meio-campo. Pode também atuar como ponta articulador partindo da esquerda, assim como Gustavo Scarpa do lado oposto. Matheus Fernandes vem para que Felipe Melo, Thiago Santos e Bruno Henrique não precisem ficar se revezando na função de volante ou Moisés seja obrigado a recuar. Arthur Cabral pode atuar pelos lados ou disputar posição com Borja e Deyverson no centro do ataque.
Já Ricardo Goulart é jogador para fazer a equipe subir ainda mais o patamar no país e no continente. Não é meia de organização. Funciona mais como uma espécie de "ponta de lança" moderno. Atua como meia central num 4-2-3-1, mas faz praticamente uma dupla com o centroavante. Tem excelente leitura de espaços e ótima finalização. Marcou 102 gols em três temporadas na China.
No estilo simples e direto de Felipão, vai aproveitar a parede do atacante de referência nas bolas longas para receber e infiltrar. Forte também no jogo aéreo para completar as jogadas pelos flancos. O treinador conhece bem o potencial de Goulart dos tempos de Guangzhou Evergrande.
Se Dudu e o clube não resistirem às investidas do futebol chinês, Goulart também pode assumir a bronca de ser o líder técnico, a referência do Palmeiras. Em recuperação de lesão, só deve estrear em março, na Libertadores. Será uma opção com características diferentes das de Moisés, Lucas Lima, Guerra e Raphael Veiga.
A tendência é que Felipão defina dois times e faça alterações por meritocracia – como foi a mudança na zaga, com Luan e Gustavo Gómez virando titulares na reta final do Brasileiro – e também pelo contexto do jogo. Cabe ao treinador e à comissão técnica manter todos mobilizados e trabalhar as variações, inclusive cumprindo a promessa de trabalhar mais a bola em determinados momentos para evitar o bate-volta que desgasta física e mentalmente.
O treinador não quer sofrer nem improvisar por conta de lesões e suspensões, como aconteceu no empate contra o Flamengo no Maracanã pelo returno, nem com as ausências forçadas nas datas FIFA. A meta é ser competitivo sempre, inclusive com boas opções no banco em todas as partidas.
As perspectivas são as melhores. O Palmeiras foi ao mercado com agilidade e inteligência. Um mérito, mesmo considerando que a fase é mais de oferta que procura. Todos querem jogar no campeão brasileiro. A boa notícia para os 30 atletas que devem formar o elenco é que a grande maioria terá bons minutos na temporada para mostrar seu valor.
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