No clássico mineiro da estupidez, só Fabio Santos foi lúcido
Brumadinho fica a cerca de uma hora de carro do Mineirão. No mundo ideal, este crime ambiental (não foi tragédia ou acidente) não teria acontecido. Em um país decente não deveria ter futebol neste fim de semana. O clássico de Belo Horizonte, então, devia ter sido o primeiro cancelado.
Mas aconteceu. E às 11h de um domingo de verão. Afinal, o show tem que continuar e a TV não abre mão do seu produto. As vidas ceifadas pela ganância são um detalhe menor na ponta do lápis do capitalismo cruel. Triste.
Ninguém podia mesmo sair triunfante no empate em 1 a 1. A começar pela arbitragem infeliz. Pelo pênalti não marcado de Leo sobre Igor Rabello no primeiro tempo, por assinalar na segunda etapa uma falta inexistente do próprio Rabello sobre Fred na área atleticana – o centroavante tropeçou na própria perna. Depois, sim, houve falta do zagueiro no camisa nove celeste, ignorada pela arbitragem comandada por Wanderson Alves de Souza, depois substituído pelo quarto árbitro, Ronei Cândido Alves.
O Atlético-MG sofreu na maior parte do tempo. Espaçado, com dificuldades no posicionamento defensivo, especialmente no setor esquerdo, com Fabio Santos e Chará sofrendo com o apoio de Edilson e a movimentação de Robinho e Thiago Neves por ali.
Mano Menezes apostou no entrosamento da base de 2018, com Rafinha entrando na vaga do uruguaio De Arrascaeta na execução do 4-2-3-1. Solidez defensiva, posse de bola cuidadosa e força nas jogadas aéreas – Thiago Neves e Dedé tiveram boas chances na primeira etapa. No segundo tempo, bela jogada de Rafinha e chute na trave de Victor. Nas redes, apenas a cobrança de pênalti de Fred no canto direto que o goleiro atleticano.
Jogo controlado, até a disputa entre Leo e Ricardo Oliveira que terminou na falha de Dedé e na falta do zagueiro sobre Chará. Pênalti claro e vermelho para Dedé. Cobrança precisa de Fabio Santos, protagonista do único momento de lucidez do clássico: não comemorou e, diante da câmera, pediu força ao povo de Brumadinho.
A busca da virada do Galo esfriou com o gol perdido por Cazares e depois a expulsão de Adilson. O clássico da estupidez não podia mesmo ter um vencedor. Nada contra os clubes, todas as críticas à insensibilidade das partes que pagam a conta.
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