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André Rocha

Fluminense vence Flamengo honrando estilo de Diniz e suas tradições

André Rocha

14/02/2019 23h17

André Rocha comenta vitória do Flu sobre o Fla: "Honrou tradição tricolor"

UOL Esporte

A dúvida antes do clássico era que time ficaria com a bola e teria protagonismo no Maracanã: o Flamengo do elenco milionário ou o Fluminense dos princípios de jogo inegociáveis de Fernando Diniz?

A resposta veio em poucos minutos. Não só pela necessidade de vitória do tricolor para chegar à final da Taça Guanabara, mas especialmente pela coragem. De marcar no campo adversário e de buscar o ataque durante todo o tempo. Mesmo cometendo muitas faltas em uma disputa intensa e nervosa – 23 a 18.

Fazendo saída de bola em três com os zagueiros Matheus Ferraz e Digão abertos e Aírton recuando para ajudar, aproximando Luciano de Yoni González no ataque e abrindo o corredor direito para Ezequiel, que não aproveitou e saiu para a entrada de Calazans. Depois Caio Henrique substituiu Marlon e, sem lateral pela esquerda, criou superioridade numérica no meio-campo, deixando Everaldo fazendo todo o corredor pela esquerda. Sempre voltado para o ataque.

O Flamengo nitidamente ficou incomodado pela pressão do rival e sofreu para construir volume de jogo. Talvez um pouco de abatimento pela tragédia no CT. Com o tempo, como única opção, passou a jogar em transição para aproveitar os espaços cedidos. Mas faltou efetividade, de Bruno Henrique e Gabriel, titular pela primeira vez no time "principal". Everton Ribeiro prendeu demais a bola e prejudicou alguns contragolpes. Deu lugar a De Arrascaeta.

Faltava ao Flu o toque diferente para infiltrar. Não teve de Daniel, nem de Dodi, que definiu o desenho do Flu em um 4-4-2. Pode entregar com Ganso. Ainda assim, construiu a jogada mais plástica da partida: toques bonitos de Everaldo e Yoni para a finalização de Luciano e boa defesa de Diego Alves.

Quando Yoni serviu de novo Luciano no último ataque depois da falha de Arrascaeta no passe, a justiça se fez. De 62% de posse, dez finalizações a oito e obrigando o Flamengo a sair do conforto, apelar para ligações diretas e deixar claro mais uma vez que o elenco é desequilibrado. Errou muito e recuou, admitindo a superioridade coletiva do oponente. Uma dura lição para os rubro-negros, incluindo o treinador. Mais uma.

Vaga na final contra o Vasco e a certeza de que o Fluminense vai evoluindo, honrou o estilo de Diniz e, principalmente, suas tradições. Mesmo sem elenco estelar, a vitória nos últimos minutos. Como no gol de Assis em 1983 e no lendário de barriga de Renato Gaúcho em 1995. Desta vez Luciano foi o heroi de mais um triunfo como os tricolores gostam.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.