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André Rocha

Vasco campeão é o único com motivos para sorrir em decisão insólita

André Rocha

17/02/2019 19h08

Primeiro foram portões fechados e violência do lado de fora do Maracanã. Disputas políticas internas e econômicas (uso do estádio) à parte, as imagens de Vasco e Fluminense, do futebol carioca e do Rio de Janeiro que vão rodar o mundo geram um prejuízo difícil de calcular. Tolice e falta de bom senso.

Depois portões abertos, após a polícia bater em criança e jogar gás de pimenta na cara de idoso. Aos 31 minutos de jogo. Não serve para atenuar nada. Ver as imagens das pessoas voltando e entrando sorridentes no estádio apenas confirma que o futebol carioca não merece o seu torcedor.

Mas houve jogo na final da Taça Guanabara. Dominado pelo Fluminense de Fernando Diniz. Outra vez com média de 60% de posse ao longo da partida e terminando com 72%. Novamente com saída de três – Matheus Ferraz e Digão abertos, Aírton recuando para auxiliar por dentro. Mais uma vez aproximando Luciano de Yoni González e deixando o corredor direito para Bruno Silva apoiado por Ezequiel. De novo trocando Daniel, sem precisão e intensidade, por Dodi no segundo tempo.

Outro ponto em comum do Fla-Flu, porém, foram as oportunidades criadas e desperdiçadas pelo tricolor. De Yoni, Luciano e Everaldo. Total de nove finalizações, apenas duas no alvo. Fizeram falta…

O Vasco perdeu agilidade para tirar a bola da pressão e atacar o espaço na velocidade com Bruno César na vaga de Thiago Galhardo no 4-2-3-1 habitual. Mas desta vez deixava apenas Maxi López na frente permitindo a saída de bola limpa do adversário, mas garantindo superioridade numérica na marcação no próprio campo. Não conseguiu, mas se safou pela ineficiência do rival nas conclusões.

O jogo mudou na segunda etapa depois da saída de Bruno Silva e entrada de Caio Henrique. O Flu perdeu saída pela direita e ficou mais previsível na frente. O Vasco foi ficando mais confortável, sua torcida mais numerosa sentiu a chance de vitória e empurrou o time para frente. Pressionando a saída de bola e ocupando mais o campo de ataque. Valentim teve a sensibilidade e trocou Raul por Ribamar, recuando Pikachu e mandando um recado claro: seria agressivo a partir daquele momento.

Na bola parada pela direita, a cobrança de Danilo Barcelos que passou por todos e venceu Rodolfo. Foi a segunda finalização no alvo dos cruzmaltinos, mas certeira. Justamente o que faltou ao Fluminense, que joga o melhor futebol do Rio de Janeiro, mas perdeu as duas para o Vasco, que fatura a 13ª Taça Guanabara e tem vantagem na semifinal do Carioca. Muito pela solidez defensiva, com apenas dois gols sofridos em sete partidas.

O final não poderia deixar de ter confusão, com a expulsão de Luciano e amarelo para Andrey depois do uso do VAR. O Flu tentou um abafa no desespero, sem troca de passes, mas não havia mais tempo. A chance de vencer tinha passado.

Em meio ao caos com tantos culpados, o torcedor vascaíno ao menos encontra um motivo para sorrir no final de um domingo insólito.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.