Flamengo veta limite de troca de técnicos. Devia ser o primeiro a aprovar
1995. Ano do centenário do Clube de Regatas do Flamengo. O empresário e radialista Kléber Leite assume como presidente com planos ambiciosos. Contrata Romário e também o técnico bicampeão brasileiro pelo Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo.
O novo mandatário arrotava projetos a longo prazo, mas bastou perder o Carioca para o Fluminense e o então melhor jogador do mundo bater de frente com o treinador para este ser demitido. O lado mais fraco, no caso. Na impossibilidade de contratar o campeão estadual Joel Santana, amigo de Romário, o clube trouxe Edinho, hoje comentarista e treinador sem um grande trabalho na carreira. E terminar um ano histórico com o radialista Washington Rodrigues, o "Apolinho", improvisado no comando técnico. Sem conquistas.
Voltemos para 2019 e a reunião em que a CBF propunha aos clubes da Série A mudanças para a disputa do Campeonato Brasileiro. Entre elas o limite na troca de treinadores. Pois foi justamente o Flamengo que liderou o veto e foi seguido pelos demais, exceto o Atlético Mineiro.
Nos últimos 30 anos, o Flamengo teve 66 trocas de treinadores, sem contar os interinos. Média superior a dois por ano. Em 2005, o clube chegou ao recorde de ter cinco em 365 dias: Júlio César Leal, Cuca, Celso Roth, Andrade – entre indas e vindas como interino e depois efetivado – para se salvar do rebaixamento com Joel Santana.
Em três décadas o Flamengo venceu dois Brasileiros, três Copas do Brasil, uma Copa Mercosul e a Copa dos Campeões em 2001. Os 12 títulos estaduais engrossam a lista de conquistas, mas justamente no período em que eles perderam a relevância de outrora. Pouco para o time mais popular do país.
Entre os torcedores há uma crença de que o Fla só dá certo com "bombeiros", interinos efetivados em meio às crises. Carlinhos, Andrade e Jayme de Almeida são os personagens citados na defesa desta "tese" que não conta quantas vezes eles assumiram e não foram tão bem sucedidos – total de 16 tentativas do trio, como temporários ou não. Ou não conseguiram dar sequência aos trabalhos com qualidade e foram demitidos em seguida.
Ainda assim, o trabalho mais longo foi o de Carlinhos, de 1991 a 1993. Graças às conquistas do Carioca no primeiro ano e do Brasileiro no segundo. Mantendo uma linha de trabalho iniciada por Vanderlei Luxemburgo e preservando boa parte do elenco que tinha Júnior como grande líder e a melhor geração formada no clube depois da Era Zico – Marcelinho, Djalminha, Paulo Nunes, Marquinhos, Nélio, entre outros. Uma continuidade meio ao acaso que gerou frutos.
Deveria servir de lição, mas o clube quer ser livre para seguir demitindo e contratando a esmo, ou efetivando interinos em busca da "mágica" de outros tempos. Abel Braga já é questionado pela primeira derrota em 2019, para o Fluminense. Na semifinal da Taça Guanabara, primeiro turno do estadual que devia ser tratado como sequência da pré-temporada. Independentemente da qualidade do trabalho do treinador, não é um pouco demais?
No Flamengo, todo excesso parece um copo meio vazio.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.