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André Rocha

Virtudes de Ricardo Goulart reforçam o "modo Felipão" no Palmeiras

André Rocha

13/03/2019 06h35

As fragilidades individuais e coletivas do Melgar, principalmente no sistema defensivo em jogadas aéreas, facilitaram a vitória por 3 a 0 do Palmeiras no Allianz Parque pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores.

Mas a atuação consistente do campeão brasileiro reforça a impressão de que a chegada de Ricardo Goulart dá ênfase ainda maior ao "modo Felipão" no Palmeiras. Uma proposta de jogo direto, definindo rapidamente as jogadas.

Mesmo com volume de jogo e 51% de posse de bola, o time da casa acertou apenas 294 passes, menos que os 307 do time peruano. De novo abusou dos lançamentos: 42, mas 26 corretos. Ainda 30 cruzamentos e 24 rebatidas.

Com a formação que Luiz Felipe Scolari mandou a campo e parece que vai se afirmando como a titular, especialmente o quarteto ofensivo, a proposta fica bem nítida. O canhoto Gustavo Scarpa pela direita e o destro Dudu à esquerda recebem a bola não tão abertos para permitir os cruzamentos com o pés "invertidos" – foram 11 de Dudu e dez de Scarpa. Ou, menos frequente, os passes para as ultrapassagens dos laterais Marcos Rocha e Victor Luís.

Na área, Deyverson, de volta ao time na vaga do contestado Borja, como uma referência mais móvel e Ricardo Goulart chegando por trás. Impressiona o timing nas jogadas aéreas, com bola parada ou rolando, do novo meia central do 4-2-3-1 palmeirense.

Na prática um 4-4-2 com a liberdade que a principal contratação para a temporada ganha para estar sempre perto da meta adversária, mesmo que isto signifique em muitos momentos um meio-campo menos preenchido. Marcou o segundo completando assistência de Scarpa e serviu Felipe Melo e Deyverson. Já são três gols e três assistências.

No gol de Ricardo Goulart, o cruzamento de canhota de Gustavo Scarpa pela direita, uma tônica na partida, Deyverson atrai a marcação na primeira trave e o meia atacante infiltra para finalizar de cabeça. A jogada deve se repetir muito ao longo da temporada (Reprodução Fox Sports).

Com as características de meia de Scarpa, muitas vezes o espaço deixado pela direita é atacado pelo centroavante e Goulart infiltra por dentro. Ou vice-versa. Uma arma bem utilizada por Marcelo Oliveira, com Everton Ribeiro e Marcelo Moreno combinando com o meia-atacante, no Cruzeiro bicampeão brasileiro em 2013/14 que Felipão aproveita. Mas à sua maneira. O como fazia com o camisa onze no Guangzhou Evergrande.

Este deve ser o Palmeiras de 2019, especialmente nos jogos em casa. Com mais qualidade na execução, mas dentro do mesmo plano do treinador veterano e pragmático. Até porque não dá para esperar nada diferente mesmo.

No 4-2-3-1 palmeirense, os ponteiros Scarpa e Dudu atacam buscando os cruzamentos com pés "invertidos" e deixando os corredores para os laterais. Deyverson abre espaços e Ricardo Goulart infiltra. No meio, Bruno Henrique dá o suporte para o meio ficar menos vazio e Felipe Melo faz o balanço defensivo com os zagueiros (Tactical Pad).

Estatísticas: Footstats

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.