Seleção e reta final da Champions: a hora da verdade para Lionel Messi
Chega a ser comovente a tentativa dos fãs de Messi, incluindo jornalistas, de afirmar que o argentino já merece a Bola de Ouro pelo que fez até aqui na temporada 2018/19 com o Barcelona.
De fato, são 39 gols e 21 assistências em 37 jogos. Sem contar a magia de lances como o último gol nos 4 a 1 sobre o Real Bétis com um toque genial por cima do goleiro. A influência no jogo é nítida, incluindo passes que "limpam" o ataque, especialmente as inversões para Jordi Alba. Desempenho espetacular!
Mas é curioso notar essa "pressa" de seus admiradores justamente no momento em que se aproxima as quartas-de-final da Liga dos Campeões e Messi retorna à seleção argentina em amistoso contra a Venezuela hoje, sexta-feira, em Madrid, mas com uma competição oficial no horizonte: a Copa América, desta vez com sede no Brasil.
A etapa do principal torneio de clubes do mundo tem sido o teto do Barcelona desde o título em 2014/15. Eliminações para Atlético de Madrid, Juventus e Roma. Para os defensores do argentino, o time catalão não foi forte coletivamente para potencializar o talento de seu camisa dez. Mas quando Messi cumpre atuações espetaculares todos os louros vão para ele, com o futebol sendo tratado quase como um esporte individual.
Messi é um dos grandes jogadores da história. O melhor que este blogueiro viu jogar ao vivo desde 1981. Por isso a régua de medida para ele precisa estar lá em cima. No topo. O sarrafo não pode subir e descer de acordo com a conveniência do fã. Outra visão apaixonada e, por isto, um tanto míope é querer dissociar no mais alto nível o desempenho individual das conquistas coletivas.
Sempre foi assim e faz todo sentido. Ainda mais quando um jogador atinge o patamar dos grandes craques. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. Bola de Ouro em 2004 e 2005 e mudança no nível de cobrança. Expectativas no teto para que alcançasse o Olimpo na Copa do Mundo de 2006. Mesmo liderando o Barça no título da Champions, o desempenho decepcionante pela seleção brasileira na Alemanha tirou as chances de levar o prêmio, que foi para Fabio Cannavaro.
Pelé e Maradona não seriam os grandes da história sem as conquistas de Copas do Mundo. Michel Platini teve o ano mais premiado da carreira em 1984, justamente porque venceu a liga italiana, a melhor do mundo à época, e a Eurocopa como protagonista. Para ter o reconhecimento é preciso ganhar ao menos um dos títulos mais importantes da temporada.
La Liga e a Copa do Rei não são mais parâmetros para Lionel Messi. São sete títulos espanhois e seis da Copa nas últimas dez edições. Conquistas importantes, mas que pelo contexto dos nossos tempos ficam muito atrás da Champions. Cristiano Ronaldo ganhou as três últimas como artilheiro e protagonista e só não está com seis Bolas de Ouro porque a FIFA resolveu inventar Luka Modric melhor do mundo por um vice na Copa com a Croácia.
É assim que funciona e Messi precisa buscar a diferença. Tem que desequilibrar em jogos decisivos, compensar os problemas de sua equipe com o lance espetacular. É assim que os gênios fazem. Foram os feitos de Messi em 2009, 2011 e 2015. Em 2010 e 2012, sem um grande destaque individual nos títulos de Inter e Chelsea na Champions, acabou faturando a Bola de Ouro.
Pode acontecer de novo, se Cristiano Ronaldo não levar a Juventus ao título continental e a entidade máxima do nosso futebol não resolver premiar outra "surpresa". Mas não vai tirar a impressão de que Messi está devendo. Protagonismo na Champions e na seleção principal que não vence nada desde 1993. Eis uma nova chance de reescrever a história.
Chegou a hora da verdade para Messi, aceitem ou não os seus fãs mais apaixonados.
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