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André Rocha

As boas possibilidades da dupla Luan-Tardelli no Grêmio

André Rocha

25/03/2019 05h42

A entrada criminosa e tresloucada do zagueiro Genílson em Pepê que deixou o Juventude com um homem a menos aos 19 minutos de jogo no Alfredo Jaconi facilitou a goleada do Grêmio. Mesmo com Renato Gaúcho sofrendo para armar a equipe pelos desfalques dos lesionados Geromel e Marinho e de Kannemann e Everton, a serviço de Argentina e Brasil nas datas-FIFA.

O time sobrou com muita posse de bola, intensa movimentação e Thaciano voando pela direita. Abriu o placar com a finalização um tanto desajeitada de Marcelo Oliveira e passeou construindo os 6 a 0 na segunda etapa com naturalidade, encaminhando a vaga na semifinal do Gaúcho contra São José ou São Luiz.

O estadual sempre tem o seu valor nos locais com apenas dois grandes e enorme rivalidade. Mas o Grêmio tem um problema sério a resolver na Libertadores: apenas um ponto em duas rodadas do Grupo H, com direito a derrota em Porto Alegre para o Libertad. Precisa de recuperação com urgência e o próximo jogo é fora de casa, contra a Universidad Católica no dia quatro de abril.

Por isso Renato já prepara a entrada na equipe desde o início dos jogos da principal contratação da temporada: Diego Tardelli, 33 anos e bicampeão sul-americano – em 2005 pelo São Paulo e com o Atlético-MG em 2013. Para adicionar ainda mais experiência e mentalidade vencedora ao último clube brasileiro a vencer a Libertadores.

O treinador gremista elogiava a versatilidade de Tardelli mesmo antes da contratação: "Ele pode jogar em duas ou três posições do ataque". De fato, em um 4-2-3-1 pode atuar em todas as funções do quarteto ofensivo. Mas com todos disponíveis a possibilidade maior é no centro do ataque ou pela direita.

Já havia atuado por pouco mais de 70 minutos, contra São José, Internacional e Libertad. Em Caxias do Sul substituiu Pepê aos dez do segundo tempo e ficou mais à esquerda. Infiltrando em diagonal recebeu belo passe de Luan e encobriu o goleiro Marcelo Carré no último gol, já em ritmo de treino. Mas foi o primeiro do camisa nove no novo clube. É exatamente na parceria com Luan que reside a maior possibilidade de sucesso da versão 2019 da equipe tricolor.

No último gol dos 6 a 0 sobre o Juventude, passe longo de Luan, Diego Tardelli infiltra no limite da linha defensiva do adversário para tocar por cima do goleiro. Jogada que pode se repetir ao longo da temporada (Reprodução Premiere)

Tardelli e Luan podem alternar como "falso nove" e meia central, deixando o lado direito para a força de Marinho ou a velocidade de Alisson e as infiltrações em diagonal de Everton a partir da esquerda. Mobilidade, tabelas rápidas e envolventes. Futebol bonito e eficiente como quer o treinador e ídolo.

Reeditando, de certa forma, a ideia do primeiro Grêmio de Renato, campeão da Copa do Brasil de 2016: Luan e Douglas alternando por dentro e Pedro Rocha acelerando pela esquerda e entrando no "facão" para finalizar. Só Ramiro é que saiu e não deixou substituto na mesma função de "ponta-volante". O time vai se ajustando a um extremo pela direita mais agressivo.

Se uma formação ainda mais ofensiva for necessária, Tardelli pode entrar pela direita, como jogava no Atlético de Cuca em 2013 e prefere atuar. Filipe Vizeu ou André ficariam na referência do ataque – Jael partiu para o FC Tokyo, no Japão. Ganha força e presença física na frente, mas perde mobilidade.

Para o nível do futebol jogado no Brasil e na América do Sul, o encaixe da nova peça ao lado da estrela do time pode criar muitos problemas para as defesas adversárias. Mesmo com a inconstância do mais jovem e a reta final de carreira do veterano. Porque tem características complementares, embora pareçam semelhantes.

Boas chances de dar certo já a curto prazo. O gol em Caxias do Sul foi um belo ensaio. Os primeiros passos para desequilibrar no país e no continente.

Uma formação possível do Grêmio, com Luan e Tardelli mais soltos por dentro em um 4-2-3-1. Mobilidade, tabelas e abrindo espaços para as diagonais dos ponteiros Marinho e Everton (Tactical Pad).

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.