Topo

André Rocha

Flamengo se perde na Libertadores entre apatia e ansiedade. E Arrascaeta?

André Rocha

03/04/2019 23h51

A crítica ao Flamengo nas eliminações da Libertadores nos últimos anos sempre passava pela apatia, um certo conformismo nas derrotas. Por isto também Abel Braga foi contratado para 2019. Experiência, bom gestor de vestiário, capaz de tornar a equipe mais "sanguínea".

Não faltou fibra ao time rubro-negro na derrota para o Peñarol no Maracanã lotado. Mas sobraram ansiedade e afobação. A pilha errada em faltas desnecessárias e muita pressa para decidir. Gabriel Barbosa foi o símbolo desta confusão de conceitos bem básicos.

Não só pela tola expulsão no segundo tempo por entrada duríssimo em Rojo, mas pela falta de calma para finalizar, ansiedade para entrar impedido em ataques importantes. Agregou profundidade aos ataques do time, mas a principal característica de um artilheiro deve ser a frieza diante do goleiro. Virtude no Santos, mas talvez a preocupação em conquistar a torcida para afastar a pressão esteja atrapalhando.

Assim como a inexplicável ausência do uruguaio De Arrascaeta, contratação mais cara da temporada. Mesmo em um jogo complicado, diante de compatriotas do meia uruguaio. Sem grandes atuações de Diego Ribas e Willian Arão. Abel Braga até mudou o sistema para o 4-3-3 com dois meias ofensivos por dentro – Diego e Everton Ribeiro – e Vitinho pela esquerda. Mas o autor do gol do empate contra o Vasco na final da Taça Rio não foi aproveitado. Por quê?

O Peñarol soube negar espaços em um 4-1-4-1 com o volante Gargano entre as linhas de quatro e Darwin Nuñez no ataque. Forte pela esquerda, com Cebola e Brian Rodríguez alternando no flanco e abrindo o corredor para as descidas do bom lateral Lucas Hernández.

Autor do cruzamento para o gol da vitória. De Viatri, centroavante que substituiu o meio-campista Guzmán Pereira para acrescentar presença física na área quando o time uruguaio ficou com um homem a mais. Gol que podia ter saído antes, em duas finalizações perigosas de Canobbio, o ponteiro pela direita. Diego Alves salvou gol certo.

Um choque de realidade para a equipe que continua precisando de muitas finalizações para ir às redes em jogos mais parelhos. Foram nove, apenas duas no alvo. Sem espaços, as decisões não têm sido as mais acertadas. De atletas e treinador. Depende de bola parada e as raras chances de contragolpes.

O Flamengo se complica no Grupo D porque falhou de novo quando testado em técnica, tática e, especialmente, na parte mental. Entre a apatia e a ansiedade a decepção se repete.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.