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André Rocha

Flamengo na final do Carioca com empate no Fla-Flu e lições para Abel Braga

André Rocha

06/04/2019 21h35

O Flamengo foi melhor que o Fluminense na maior parte do clássico no Maracanã pela semifinal do Carioca. Desta vez não deixou o rival confortável com a posse de bola, adiantando e pressionando a marcação em vários momentos. Especialmente no primeiro tempo de domínio e polêmicas da arbitragem.

Primeiro o gol anulado de Willian Arão depois de consulta ao VAR. Na visão deste que escreve, correta pela falta de Léo Duarte no goleiro Rodolfo. Mas Bruno Arleu de Araújo errou ao assumir a interpretação errada de impedimento de Uribe e fica a dúvida quanto à consulta do VAR para analisar cotovelada de Gilberto sobre Renê. A orientação é que se a agressão for confirmada no vídeo a punição deve ser o cartão vermelho.

O juiz optou pelo amarelo para o lateral que primeiro salvou gol certo de Uribe e, na sequência, completou cruzamento preciso de Caio Henrique. Um das duas finalizações do tricolor no alvo em 45 minutos. Total de quatro contra seis do Fla, que concluiu três vezes na direção da meta de Rodolfo. O time rubro-negro também controlou a posse de bola: 53%. Uma prova de que o Flu sofreu, mesmo com vantagem. Impressão de que sentiu falta de Aírton na saída de bola.

Segundo tempo de pressão crescente do Fla, apesar da boa defesa de Diego Alves em chute de Luciano. Abel poupou Uribe, com incômodo no tornozelo esquerdo, pensando no duelo com o San José na quinta-feira, e colocou Gabriel Barbosa, expulso na quarta, para resolver o Fla-Flu.

Inicialmente, porém, o camisa nove ficou à direita enviando Bruno Henrique para o centro do ataque. Everton Ribeiro seguiu à esquerda, na inversão de lado que deu certo na primeira etapa. Abel esperou os 15 minutos "protocolares" para colocar De Arrascaeta na vaga de Diego.

Este blogueiro honestamente não sabe se tiraria o camisa dez ou Arão. Mas o fato é que o uruguaio novamente tornou os ataques do Fla mais fluidos. Sempre com passes para frente, buscando o espaço vazio às costas do adversário. De novo a maior contratação da história do clube acrescentou qualidade e inteligência à dinâmica ofensiva da equipe.

Na volta da parada técnica, Gabriel voltou para o centro do ataque. Mas foi pela esquerda que recebeu passe longo e chutou forte entre Rodolfo e a trave. Sétimo gol de um dos artilheiros da competição. Comemorando com beijo na testa de Abel, como que se desculpando pela bobagem de quarta-feira.

Com a lesão de Bruno Henrique, Vitinho entrou pela direita para não mudar a organização ofensiva que fez o time melhorar na segunda etapa. Mesmo com as mudanças no Flu que deixaram apenas Matheus Ferraz na defesa e muita gente na frente, incluindo João Pedro, Allan e Calazans.

O empate por 1 a 1 e a classificação aliviam, mas deixam muita coisa para Abel pensar, ainda que o importante mesmo seja o treinador ganhar opções de qualidade. Mas fica o reconhecimento da mudança de comportamento na semifinal do estadual. Marcação agressiva, ímpeto ofensivo mesmo com vantagem do empate, entrega sem entrar em pilha errada.

Que sirva de lição para a sequência da temporada. O Flamengo vai precisar já na fase de grupos da Libertadores e também na decisão do Carioca, contra Vasco ou Bangu.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.