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André Rocha

Vasco na final é zebra para tentar vencer o Flamengo depois de 31 anos

André Rocha

07/04/2019 18h04

Cocada foi dispensado do Flamengo em 1983 pelo então interino treinador Carlinhos. Cinco anos depois, no Vasco, entrou aos 41 minutos, marcou um gol aos 44 e foi expulso na comemoração por se dirigir ao técnico "algoz" e iniciar uma confusão que terminou com as expulsões de Renato Gaúcho, Romário, Alcindo e PC Gusmão, além do próprio Cocada.

Era o bicampeonato 1987/88 do Vasco de Sebastião Lazaroni. Difícil imaginar na época que o time poderoso que ganharia o Brasileiro de 1989 e um tricampeonato estadual de 1992 a 1994 não conseguiria mais vencer o Flamengo em finais.

Trinta e um anos depois, uma nova oportunidade. A sétima, depois de reveses em 1999, 2000, 2001, 2004 e 2014, além da Copa do Brasil em 2006. Agora com os estaduais muito menos relevantes na temporada, mas sem dúvida nenhuma a grande chance de título dos cruzmaltinos em 2019. Do bi de Alberto Valentim, campeão no ano passado com o Botafogo na final contra o próprio Vasco.

Nunca foi tão zebra. Em 2014, última decisão entre os grandes rivais cariocas, o Fla ainda sofria para equacionar dívidas e só iniciaria os fortes investimentos no ano seguinte, com as contratações de Paolo Guerrero e Emerson Sheik.

Agora o desequilíbrio de forças é evidente, apesar dos muitos empates no "Clássico dos Milhões". Inclusive nos dois turnos desta edição, o último com vitória nos pênaltis dos reservas rubro-negros na final da Taça Rio.

Na semifinal, duelo equilibrado com o Bangu de boa campanha, comandado por Ado, o mesmo do pênalti perdido na histórica decisão do Brasileiro de 1985 contra o Coritiba. Organizado em um 4-1-4-1 com transições ofensivas rápidos pelos flancos, com o burquino Yaya Banhoro pela direita e Jairinho à esquerda.

Na saída rápida do goleiro Jefferson Paulino, o gol de empate com Yaya que deu alguma emoção à semifinal no Maracanã. Depois de Bruno César abrir o placar em cobrança de pênalti sobre Lucas Mineiro com auxílio do VAR. Yan Sasse, substituto de Rossi pela direita no habitual 4-2-3-1 de Valentim, fechou os 2 a 1 que coloca o Vasco em sua quinta decisão desde 2014 – só ficou de fora no Fla-Flu de 2017.

Sem favoritismo, mas com chances reais. Até pelo foco do Fla na Libertadores, ainda que sem jogos no torneio continental entre as duas partidas que decidem o Carioca. O regulamento não entrega nenhuma vantagem.

O Flamengo entra com o poder financeiro e o Vasco como David contra Golias para tentar tirar de Cocada, mais de três décadas depois, o status de grande herói vascaíno em jogo que valia taça contra o maior rival.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.