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André Rocha

Tottenham abre vantagem. City de Guardiola vai falhar de novo na Champions?

André Rocha

09/04/2019 18h27

Mata-mata de Liga dos Campeões é sempre especial e fica ainda mais complexo quando afunila na rota da grande final. Era até previsível que no duelo de quartas-de-final os 16 pontos que separam Manchester City e Tottenham na Premier League não fizessem tanta diferença. Ainda mais na primeira partida dos Spurs em seu novo estádio pela Champions.

Mas a vitória do time londrino por 1 a 0 com gol de Son no segundo tempo reforça a impressão de que os citizens sentem os confrontos eliminatórios em alto nível e mudam em relação ao comportamento habitual na competição por pontos corridos.

Sim, o controle pela posse de bola estava lá: 60%. A postura ofensiva mesmo como visitante também, apesar da formação mais conservadora do meio-campo com Gundogan mais próximo de Fernandinho que do meia David Silva na maior parte do tempo em que estiveram juntos em campo.

Cuidado excessivo, um nítido desconforto além do pênalti que Kun Aguero cobrou no primeiro tempo e Lloris defendeu.  A equipe de Mauricio Pochettino também impôs dificuldades:  intensidade máxima e concentração na pressão na saída de bola e também no bloqueio das sempre perigosas inversões de bola procurando os ponteiros – desta vez Mahrez à direita e Sterling no lado oposto.

Variando do 4-3-2-1 para o 4-1-4-1, o Tottenham atacou com os laterais Trippier e Rose, organizou com Eriksen no meio e ameaçou com finalização perigosa de Harry Kane, que contava com a companhia de Dele Alli e Son. Mas no gol único da partida o centroavante inglês já não estava mais em campo. A quarta lesão no tornozelo em menos de três anos após pisão de Delphi.

Com Lucas Moura, o ataque ficou mais rápido nas transições e sem a referência, o que criou problemas para Otamendi e Laporte. Mas tirou um pouco de volume de jogo. Quando a disputa parecia mais parelha, Son persistiu depois de passe de Eriksen e infiltração pela direita. Lesionado, Ederson deixou passar o chute forte do sul-coreano. A mais bem sucedida entre as 13 finalizações do Tottenham, quatro no alvo.

Só a confiança no poder do atual campeão inglês em Manchester pode explicar a calma de Guardiola, que havia trocado Aguero por Jesus e só aos 41 minutos do segundo tempo colocou De Bruyne e Sané em campo. A maratona de jogos talvez ajude também a explicar a administração do elenco, mas foi difícil compreender a demora nas trocas. A conferir na volta semana que vem.

O City vai precisar mostrar a personalidade que sobra na Inglaterra mas tem faltado na Champions. Com Guardiola sucumbiu diante de Monaco e Liverpool. Será diferente desta vez?

(Estatísticas: UEFA)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.