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André Rocha

Barcelona em jogo grande é time de Piqué, não de Messi. Pior para o United

André Rocha

10/04/2019 18h09

Aconteceu nos 3 a 0 sobre o Real Madrid na Copa do Rei e se repetiu no Old Trafford. Um Barcelona que usa a posse de bola para manter o adversário longe da própria área (terminou com 62%), mas sabendo usar duas linhas de quatro para se fechar e liberar Messi e Suárez.

A longa troca de passes foi útil também no belo gol coletivo do time catalão, o único na vitória sobre o Manchester United. Dois minutos e quinze segundos com a bola até Busquets lançar Messi que infiltrou pela esquerda e cruzou para Suárez testar, a bola bater em Luke Shaw e entrar, com a confirmação do VAR. A melhor ação ofensiva da equipe pragmática de Ernesto Valverde, que quase ampliou em chute de Philippe Coutinho que De Gea salvou.

Ainda desfalcado, os Red Devils de Solksjaer se organizaram inicialmente em um 5-3-2 com Ashley Young e Dalot nas alas e Shaw se juntando a Smalling e Lindelof na zaga. Depois do gol sofrido, o time da casa adiantou as linhas e colocou intensidade máxima, tentando fazer a bola passar rapidamente por Pogba e chegar a Rashford e Lukaku.

A resposta do Barça foi a frieza e a solidez para negar espaços, além da fase espetacular de Piqué, absoluto por cima e por  baixo. Compensando a lentidão de Rakitic e, principalmente, de Busquets nas transições, ofensiva e defensiva. Só recuperando força no meio com Vidal por dentro na vaga de Arthur e entregando mais vigor físico e Sergi Roberto no lugar de Coutinho, mas à direita dando maior sustentação a Nelson Semedo.

Messi não encontrou espaços às costas de McTominay e Fred, os substitutos de Matic e Herrera, mas procurou colaborar marcando e também na manutenção da posse em momentos importantes. A maior virtude do Barcelona, porém, foi a capacidade de fechar a entrada de sua área e, por consequência, não permitir finalizações com um mínimo de conforto para o adversário. Nenhuma no alvo de Ter Stegen e sete para fora.

A vitória fora de casa não garante a vaga nas semifinais, até pelo "milagre" do United no Parc des Princes nas oitavas contra o PSG. Mas é vantagem que encaminha a vaga. Porque o Barcelona no Camp Nou deve ser gelado mais uma vez e conta com camisa e experiência na Champions para vencer a "barreira" das quartas que já dura três temporadas.

O time de Piqué, mais que de Messi em jogo grande, nunca pareceu tão perto.

(Estatísticas: UEFA)

 

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.