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André Rocha

Galo e Cruzeiro: finalistas em Minas, separados por abismo na Libertadores

André Rocha

10/04/2019 23h34

A atuação do Atlético Mineiro em Assunção na derrota por 4 a 1 para o Cerro Porteño foi constrangedora. A ponto de deixar Levir Culpi atordoado na coletiva, trocando o nome do adversário por Peñarol e o estadual que disputa – mineiro por gaúcho. Lembrou o Brasil de Felipão nos 7 a 1, sofrendo quatro gols em 13 minutos no primeiro tempo depois de abrir o placar com Ricardo Oliveira.

Time espaçado, com a lenta zaga formada por Leonardo Silva e Igor Rabello sofrendo também por falta de proteção de um meio-campo que define rápido as jogadas em um bate-volta que faz a equipe sangrar quando o adversário é eficiente nos seus golpes. O Cerro do veterano meio-campista Victor Cáceres foi organizado e cirúrgico. Não por acaso chega aos 12 pontos e está classificado para o mata-mata da Libertadores.

Assim como o Cruzeiro, vivendo realidade oposta à do rival e adversário na final do estadual. Equipe com moral pelo bicampeonato da Copa do Brasil e ajustada por conta do trabalho de Mano Menezes desde 2016. Com Fred evoluindo a cada jogo – marcou três nos 4 a 0 sobre o Huracán no Mineirão –  e elenco que ganhou Rodriguinho, Marquinhos Gabriel, Jadson e Dodô para ficar ainda mais qualificado e homogêneo.

Quatro vitórias, oito gols marcados, nenhum sofrido. Por mais que cada grupo no torneio continental tenha o seu contexto, os resultados do time celeste são consequência de um desempenho consistente. Modelo de jogo assimilado, identidade clara e um acréscimo de repertório ofensivo, justamente o que vinha faltando nos últimos anos.

Já o Galo não por acaso está virtualmente eliminado, com três pontos e dependendo de uma derrocada histórica e improvável do Nacional, que tem nove pontos, para sobreviver no Grupo E. A rigor, não apresentou rendimento nem margem de evolução desde as fases preliminares. O estilo "briga de rua" se mostrou insuficiente, ainda mais com tantos atletas acima dos 30 anos.

No clássico, porém, tudo pode se equilibrar. Como no 1 a 1 da primeira fase. Jogo de difícil avaliação pensando nos próximos confrontos por ter sido disputado às 11h da manhã e no início da temporada. Agora só mesmo a tradição e a rivalidade para tornar a disputa mais parelha. Com as oscilações de Flamengo, Grêmio e Palmeiras, o Cruzeiro está sobrando no futebol nacional.

Mas no mundo paralelo das finais de estaduais tudo pode mudar a partir de domingo. Mesmo com os gigantes mineiros separados por um abismo.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.