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André Rocha

A melhor atuação do Flamengo em 2019, enfim com Arrascaeta desde o início

André Rocha

14/04/2019 18h28

O Vasco entrou para se defender e executou mal o plano. Sofreu menos no primeiro tempo do Engenhão pela tensão natural de uma final gerando muitos erros de passes das duas equipes.

Pior para o Flamengo, desde o início controlando a partida com posse de bola e marcação adiantada. Posicionando Gabriel Barbosa aberto à direita e Bruno Henrique no centro do ataque. Everton Ribeiro e De Arrascaeta alternando na esquerda e por dentro e Willian Arão mais próximo de Cuéllar, mas não abandonando Pará na parceria habitual pela direita.

O Vasco até tentava compactar duas linhas de quatro à frente da própria área e sair rápido, mas perdia com a lentidão de Bruno César na transição ofensiva, isolando Maxi López contra Léo Duarte e Rodrigo Caio. Ainda assim, incomodou com o atacante argentino e um chute perigoso de Yago Pikachu no começo do jogo.

O intervalo serviu para os jogadores rubro-negros se acalmarem e jogarem com mais naturalidade. E aí veio o passeio que deixou bem claro que o time de Abel Braga ganha muito mais fluência com Arrascaeta em campo e Diego Ribas no banco. Os toques mais verticais do uruguaio buscando sempre os espaços às costas do adversário desarticularam a marcação vascaína.

A troca de passes ficou mais fácil e objetiva. Ensaiou nos 6 a 1 contra o fraquíssimo San José na Libertadores, apesar dos erros defensivos, e, com Gabriel de volta ao ataque, o quarteto ofensivo cresceu demais com as três grandes contratações para a temporada se juntando a Everton Ribeiro.

Para complicar a equipe de Alberto Valentim, a desvantagem passou a ficar grande nas jogadas aéreas. Na sequência de um escanteio, o gol de Bruno Henrique. Autor do segundo, porém um erro da arbitragem, mesmo com a conferência no vídeo, prejudicou o atacante.

Mas De Arrascaeta apareceu roubando a bola de Cáceres e procurando Gabriel. No rebote de Fernando Migel, mais um de Bruno Henrique. Nas palavras do próprio depois da partida, "três para valer dois". Do artilheiro da competição com oito gols e colaborando ofensivamente com mais quarto assistências. O nome da partida em meio a vários destaques do Flamengo, inclusive o contestado Arão.

Saiu barato para o Vasco. Foram 23 finalizações do rival contra apenas seis – cinco a um no alvo. Mais eficiência, especialmente de Gabriel Barbosa, e o título carioca estaria ainda mais encaminhado. Foi a melhor atuação do Flamengo em 2019 e deve servir como referência para Abel.

Por mais que Diego agregue com liderança positiva, bom exemplo, entrega em campo e fino trato com a imprensa, a condução de bola excessiva do camisa dez torna o jogo rubro-negro mais lento e previsível. De Arrascaeta foi contratado para tornar tudo mais fácil. O uruguaio ajudou muito a descomplicar a primeira decisão estadual.

Uma pena o estádio vazio, com apenas dez mil pagantes, por pura teimosia de dirigentes pouco preocupados com o espetáculo. O Flamengo ao menos fez a sua parte.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.