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André Rocha

Cruzeiro campeão invicto porque é o melhor, mas poderia sofrer menos

André Rocha

20/04/2019 18h52

Você leu neste blog uma crítica ao Cruzeiro de Mano Menezes por respeitar demais os adversários, desperdiçando chances de definir jogos e confrontos ao exagerar na cautela com vantagem mínima no placar.

Aconteceu de novo na volta da final do Mineiro no Independência. Administrando os 2 a 1 da ida no Mineirão, placar magro diante do contexto de um Atlético destroçado pela goleada sofrida para o Cerro Porteño e a consequente demissão de Levir Culpi.

O time celeste iniciou recuando linhas e tentando controlar negando espaços ao rival. Mas o 4-1-4-1 montado pelo interino Rodrigo Santana surpreendeu com Geuvânio e Chará nas pontas, Luan por dentro com Elias à frente de José Welison e Ricardo Oliveira na frente. Muita intensidade, com momentos de "Galo Doido" na pressão sobre o oponente.

Os dois times finalizaram no travessão até o contragolpe de Chará para Ricardo Oliveira e Elias marcando de cabeça no rebote de Fábio. Só assim para o Cruzeiro sair para o jogo e ficar mais tempo com a bola no campo de ataque, mas sem ameaçar tanto. O Galo seguiu intenso, porém com dedicação maior no trabalho defensivo.

Beneficiado também por uma arbitragem insegura que travou demais o jogo. Porque os jogadores, pilhados e querendo mostrar que querem a vitória a qualquer custo, reclamavam até de lateral. Inseguro, Leandro Bizzio Marinho recorreu ao VAR em várias situações, algumas desnecessárias. Algo a ser revisto na utilização do recurso de vídeo.

Disputa equilibrada na segunda etapa, apesar da dificuldade cruzeirense para trabalhar a bola e infiltrar. Mano usou a qualidade no banco de reservas colocando Thiago Neves no lugar de Lucas Romero e, pela primeira vez, utilizando o camisa dez e Rodriguinho juntos na articulação.

Também trocou Marquinhos Gabriel por Pedro Rocha, contratação mais recente que disputou com Leonardo Silva e a arbitragem, de novo consultando o VAR, anotou o pênalti. Com a nova orientação da International Board, cujo critério na prática é não ter critério, infração passível de ser marcado.

Fred converteu para consolidar a conquista invicta. Artilheiro com 12 gols no mesmo número de partidas. Um dos destaques do melhor time de Minas Gerais e do país, mas que não precisava sofrer tanto. Tem elenco, trabalho longo e mentalidade vencedora para se impor com menos dificuldade.

Mas sai com a taça novamente e é o que importa para o torcedor. Impossível falar em injustiça.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.