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André Rocha

Vasco não achou Athletico no espetáculo da Baixada

André Rocha

28/04/2019 19h01

O Vasco do interino Marcos Valadares facilitou o trabalho com um 5-4-1 mal executado sem a bola, afundando demais a última linha de defesa, com falhas de posicionamento e também individuais dos defensores. Muitos espaços às costas dos meio-campistas Raul e Lucas Mineiro para uma estreia no Brasileiro fora de casa que já seria complicada, mesmo com bom desempenho.

Mas o mérito maior foi do Athletico Paranaense de Tiago Nunes. Novamente jogando com intensidade máxima, também pelo descanso de só jogar pela Libertadores enquanto o adversário se desgastou e até trocou de treinador nos três primeiros meses da temporada. Saída de bola com calma e toques certos, no ritmo de Camacho, depois Wellington, e Bruno Guimarães, para acelerar no ataque com Nikão e Rony alternando pelos flancos e, pela esquerda, sempre com o auxílio luxuoso de Renan Lodi.

Procurando o argentino Marco Ruben na frente, mas com muita gente chegando na área cruzmaltina, incluindo o bom meia Tomás Andrade, a reposição a Raphael Veiga. Com igualdade ou superioridade numérica contra os cinco defensores do oponente. Os 4 a 1 saíram baratos, com oito finalizações no alvo de quinze no total que fizeram o jovem goleiro Alexander trabalhar bastante. Mas não evitou os gols de Bruno Guimarães, Nikão, Marco Ruben e Werley contra. Bruno César, que entrou na vaga do zagueiro Miranda, descontou no final.

Um passeio que poderia ter sido maior se fosse confirmado o pênalti de Yago Pikachu sobre Renan Lodi anulado por Luiz Flávio de Oliveira depois de consulta ao VAR – e acertou. E a mais bela jogada da partida, com a bola circulando rapidamente até a trivela de Nikão da esquerda para a cabeçada de Marco Ruben por cima. Um retrato de como o Vasco não achou o Athletico na maior parte do jogo.

Espetáculo de um time montado e que sabe o que quer. Não é o melhor do país, talvez termine 2019 sem títulos além do estadual com o sub-23. Também precisa se impor longe da Baixada para afastar de vez as insinuações de que só se impõe em casa e por causa da grama sintética – argumento questionável, já que em má fase a equipe também era derrotada em seus domínios.

Mas quando a proposta encaixa e o adversário não oferece maiores resistências é bonito de ver. Valeu a pena conferir o espetáculo na Baixada.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.